VICENTE AUGUSTO COMBA-UM REPUBLICANO CONVICTO



Vicente Augusto Comba, para muitos conhecido como o Senhor Vicente do Picoto, nasceu em Bujões em 29 de Setembro de 1887, sendo filho de Domingos Comba, nascido a 30/8/1837, e de Teresa Angélica, nascida a 15/11/1854, tendo estes casado em 6 de Julho de 1884. É neto paterno de António Comba e Teresa Berta, que também usa Teresa Bártolo, e neto materno de Maria dos Remédios.
Quando elaborarmos a história dos COMBA de Bujões, apelido este que teve origens em Alfarela, também ficará a saber (quem o não souber), que sua avó, Maria dos Remédios, tem uma história digna de romance e que nela terão tido papel principal um personagem pertencente à nobreza de Sabrosa, ligado à célebre família CANAVARRO,bem como ao Padre Domingos Ribeiro de Araújo, falecido em Bujões em 9 de Junho de 1876.


              Registo de batismo de Vicente Augusto, e respetivos averbamentos. 


Ainda muito jovem, após aprender a ler e escrever, trabalhou no campo ajudando seu pai, que já tinha 50 anos quando nasceu Vicente, e cuja casa e quinta se destacavam lá no alto do Picoto, com uma vista fabulosa sobre o Marão e Bujões, sua aldeia natal, ali bem perto, mas suficientemente distante para só baixar a encosta, quando era necessário.


O INICIO DA VIDA MILITAR
Aos 19 anos, e no dia 5 de Julho de 1907, Vicente Augusto Comba assentou praça, recrutado para servir na arma de infantaria em Vila Real, sendo-lhe atribuído o número de matrícula 16 R.
Porém, passados pouco meses, foi chamado para o serviço ativo da Marinha e ingressou no Corpo de Marinheiros da Armada, em 27/12/1907, sob o nº 5145. Pronto da instrução militar em 18 de Abril de 1908, ficou apurado para a 1ª brigada como atirador de 2ª classe. No dia 11 de Outubro desse ano foi promovido a 1º grumete.
Em 12 Fevereiro de 1909 passou a pertencer à 1ª brigada na classe de grumete artilheiro.
De farda azul vestida, então usada pela nossa marinha, Vicente Comba fez jus à fama que os componentes desse ramo das forças armadas sempre desfrutaram, a de autênticos aventureiros e galãs parte-corações, uma paixão em cada porto!
Muito embora fosse de baixa estatura, era todavia uma figura elegante, com um pequeno bigode que lhe dava um parecer só comparável aos românticos atores de cinema dos princípios do século vinte.
Quem diria que um bujoense vindo das terras frias da região transmontana, em que as montanhas faziam parte do seu horizonte e estavam presentes em todas as direções, se apresentava de ar sereno e ufano no meio do rio Tejo e nos confins do Atlântico  ribombando os mares a tiro de canhão e fazendo história! Ei-lo!
 
                                Vicente Augusto Comba - um bujoense na historia da marinha!

Após serviço na fragata D. Fernando II e Glória, então dedicada ao ensino de artilharia naval, onde permaneceu de 20 de Abril de 1908 a 19 de Fevereiro de 1909, ingressou no dia seguinte no   navio canhoneiro-torpedeiro Tejo.  
          


                             
                           Fragata D.Fernando II e Glória, fundeada no Tejo.
                          Aqui aprendeu Vicente Comba as técnicas de disparo.
 
  
Em 22 de Fevereiro de 1909, já no posto de grumete artilheiro, Vicente Comba iniciou no mar os treinos de disparo das peças de artilharia instaladas a bordo daquele canhoneiro, constituídas por canhões de diverso tipo. Em 31 de Janeiro de 1910 foi promovido ao posto de 2º artilheiro.
                 
Navio canhoneiro Tejo, no qual fez os primeiros disparos.























A ENTRADA PARA O ADAMASTOR
Em 9 de Abril de 1910, Vicente Augusto Comba foi transferido para o navio de guerra cruzador ADAMASTOR, devido às suas qualidades militares e disciplina, pois aquele barco era, então, uma das joias da marinha.

 



Quando Vicente Comba entrou ao serviço do Adamastor, o ambiente politico que se vivia em Portugal era, então, demasiado complexo e perigoso, deteriorando-se dia a dia, com incidentes entre os adeptos do regime monárquico e os defensores de um novo regime, o republicano, aparecendo  a marinha como um dos ramos militares onde eram inúmeros os defensores dos ideais da República.
Não se estranhou, portanto, que aquele jovem de Bujões, na flor da idade, se entusiasmasse por tais ideais e se juntasse aos companheiros que dentro daquele ramo militar se começaram a preparar para a revolução que se adivinhava, após o regicídio ocorrido em 1 de Fevereiro de 1908, que causou a morte do Rei Dom Carlos e do príncipe herdeiro Dom Luís Filipe, originando a subida ao trono do rei D.Manuel I.
E menos se estranhou que, logo após o Verão de 1910, a preparação para a mudança de regime começasse a ser objeto de estruturado planeamento em que seria figura principal o navio de guerra Adamastor.
No dia 4 de Outubro, após inúmeros acontecimentos, entre os quais a revolta da tripulação e a detenção do Comandante, o Tenente Saldanha, assumiu o comando do Adamastor o Tenente José Mendes Cabeçadas Júnior que, anos mais tarde, viria a ser promovido a Almirante, tendo sido Presidente da República.
 
  
E CHEGOU O DIA 5 DE OUTUBRO
Enquanto decorriam inúmeros acontecimentos em terra, a bordo do Cruzador foi dada ordem para que o navio tomasse posição conveniente e bombardeasse a residência do rei, sita no Palácio das Necessidades, ali bem defronte do rio Tejo.


Adamastor
  Tome posição conveniente
               e bombardeie imediatamente Palácio
das Necessidades.
       Nós ficamos aguardando chegada
           das tropas revolucionárias que estão
       a Este e mantemos reduto quartel.
Cuidado com pontaria...


 
A janela do quarto do Rei ficou neste estado.

E a pontaria estava bem afinada!
Com efeito, além de outros locais, os tiros disparados pelos artilheiros, entre os quais Vicente Comba, foram certeiros e fizeram com que o rei D.Manuel abandonasse o Palácio, viajando para a Ericeira e embarcasse para Gibraltar e depois Inglaterra, assim acabando o regime monárquico.
 
 Em pé, bem visível,  o 2º do lado esquerdo da foto, e de bigode, aí está Vicente Augusto Comba.
Ao centro o Tenente Cabeçadas que apreciava imenso as qualidades do marinheiro de Bujões!


 
O Adamastor com seus oficiais e marinheiros participaram naquele dia noutros bombardeamentos no zona do Terreiro do Paço e Rossio e intervieram em combates naquela zona, sempre na linha da frente e demonstrando enorme valentia.

 
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA              
Em 5 de Outubro de 1910 foi proclamada a República e para essa mudança também contribui com o fervor do seu entusiasmo, o bujoense Vicente Augusto Comba!
Dizia ele, e certamente com verdade, que lhe coube içar a bandeira da República no barco Adamastor e na Câmara Municipal de Lisboa, na manhã do 5 de Outubro de 1910, antes da cerimónia que depois decorreria com os principais políticos republicanos, na qual estiveram presentes muitos populares.
No relatório elaborado pelo Tenente Cabeçadas, este refere o içar da bandeira no Adamastor, embora sem identificar quem procedeu a esse ato simbólico.

 
  
Aliás, Vicente Comba, juraria a si próprio que se tudo decorresse como ele aspirava, e decorreu, não haveria ano nenhum que não comemorasse aquele célebre dia 5 de Outubro, dia para ele inesquecível e em que as emoções vividas ultrapassavam tudo aquilo que jamais sonhara viver!



UMA PROMOÇÃO MERECIDA
De facto, decorridos inúmeros acontecimentos vividos com entusiasmo após a proclamação da República, Vicente Augusto Comba viu reconhecida a sua contribuição pelos serviços prestados e por Decreto do Governo provisório publicado no Diário da Republica nº 46, de 28 de Novembro de 1910, foi promovido a 1º cabo da Guarda Nacional Republicana, acabada de criar, e a cujos quadros passou justamente a pertencer.
Eis parte do Decreto-Lei em causa:






 



 
                               

    

 
                                         

  




















No artigo 3º, linha 10, consta o nome de 
Vicente Augusto Comba, 2º  artilheiro promovido a 1º Cabo.












           
Em 3 de Abril de 1911, Vicente Augusto Comba recolheu ao quartel da marinha e passados três dias foi transferido para a Guarda Nacional Republicana de Lisboa, no posto de 1º cabo, sendo colocado no Batalhão nº 1, ao Carmo. Em 10 de Maio de 1919 foi promovido a 1º sargento, fazendo parte da 3ª Companhia de reformados, nos termos da lei. Com a extinção desta Companhia, ficou adstrito ao Batalhão nº 4 da GNR desde 20 de Dezembro de 1928.
Uma das qualidades desde logo demonstradas por Vicente Augusto Comba, foi a sua vontade em adquirir conhecimentos, sendo aprovado com 14, 5 valores, em 13 de Janeiro de 1909, no  curso elementar das escola prática de artilharia naval. No curso de habilitação para 1º Cabo, feito na escola da 3ª companhia do Batalhão nº 1, em 29 de Maio de 1912, obteve aprovação com distinção.

 
                                                   Vicente Augusto Comba
                                                   1º Sargento da GNR.
      
 
                                   
 
A VIDA CONTINUA
Em 5 de Janeiro de 1918, Vicente Augusto Comba contraiu matrimónio no Posto do Governo Civil de Abaças com Maria Luiza Barbosa, que ainda permaneceu junto do marido em Alcântara, enquanto ele permaneceu no ativo.

 
Vicente Augusto Comba e sua esposa Maria Luisa Barbosa
                                        
Dessa união nasceram os seguintes filhos:

MARIA TERESA COMBA
MARIA CONSTANÇA COMBA
MIQUELINA COMBA
FRANCISCO COMBA
FERNANDO COMBA
DOMINGOS AUGUSTO COMBA
VICENTE ANTÓNIO COMBA
JOSE AUGUSTO COMBA
HELIODORO SALGADO COMBA

Dos nove que nasceram, ainda continuam vivos e a honrar o nome de seus pais, a Maria Constança, o José Augusto e o Heliodoro, que também são pessoas de fortes convicções e que não esquecem as suas origens. Para que fiquem recordados, juntamos as fotos do José Augusto que seguiu a carreira do pai, nos quadros da GNR, e do Heliodoro, que se realizou como comerciante em Lisboa e, atualmente, em Peso da Régua.

 
 
José Augusto Comba
Heliodoro Salgado Comba
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


 
                                                                        
E imaginem, agora, quantos netos e bisnetos resultaram da raiz deste corajoso marinheiro, através dos filhos e filhas espalhados por este mundo além, nas mais diversas atividades, sob a inspiração do ar puro e liberdade plena que se respirava no cimo daquele lugar solene do Alto do Picoto!

O ALTO DO PICOTO - Um lugar de muitas histórias

Da esquerda para a direita: Fernando, Maria Constança, Maria Luísa Barbosa, Vicente Augusto Comba, Miquelina, Francisco, (a costureira que fazia a roupa da família) e os três mais pequenos: José, Heliodoro e Vicente.
Foto do ano de 1936.



O PROMETIDO É DEVIDO
Homem simples, mas forte nas convicções, o Sr. Vicente do Picoto, reformado da GNR, tomaria conta dos seus bens e terras e continuava a acompanhar através da leitura dos jornais as notícias duma revolução que não atingiu as metas a que se propunha, e cujos ideais tão nobres foram sendo esquecidos, mas não por ele.
De facto, anualmente, naquela data que jamais esqueceria, a de 5 de Outubro, feriado nacional, içava a bandeira da República no mastro da sua casa do Picoto e recordava com mais saudade aqueles dias frenéticos que vivera em Lisboa, data essa que era sempre um dia de festa, em comida, em bebida e com música, aberto a quem quisesse aparecer!
E sempre foi, pelo seu caracter e personalidade, uma pessoa respeitada na aldeia e nunca mudando de ideais.
Conta-se que um dia, alguém não concordando com aquela demonstração de republicanismo democrático, que as autoridades do regime vigente não toleravam, ordenou a dois soldados da GNR para que o levassem ao posto, talvez para o influenciarem a alterar a sua atitude.
Virando-se para eles, respondeu: Vocês não têm poder para me levarem. Eu só posso receber ordens de alguém de maior patente que a minha - e mostrou a sua identificação de 1º sargento! E sob continência, os dois elementos da GNR retiraram.
E muitos ainda lembram que não sendo ele praticante de nenhuma religião, tinha um respeito muito grande pelo Nosso Senhor do Calvário, a quem carinhosamente tratava pelo "nosso barbas" . Que ninguém se atrevesse a retirar da Capela de Bujões aquela imagem de Cristo pregado na Cruz e cujo rosto de sofrimento lhe incutia um sentimento de respeito que o acompanhou sempre. E quando era altura do pedido para a festa lá dizia, - para festas aos santos não dou, mas para "o nosso barbas", aqui está... - e lá entregava um bom contributo.


OS FILHOS, NETOS E BISNETOS
Este blogue não pode obviamente destacar e contar a vida de cada um dos filhos e filhas e familiares do Sr. Vicente do Picoto.
Lembramos apenas a sua filha CONSTANÇA, ainda viva, como outros filhos, por ser a bujoense de idade mais elevada, logo a seguir à tia Maria do Messias, felizmente em nossa companhia.
Que lucidez fantástica que a tia Constança ainda apresenta, embora já tivesse ultrapassado os noventa e um anos!
Conversei com ela e recordou para mim vários episódios marcantes da sua vida e lembro aqui, apenas, um deles:
Seu pai, não lhe dava grande margem de manobra para ela e suas irmãs se aproximarem dos rapazes da sua idade. Não as deixava descer à aldeia.
E quando iam à fonte buscar água, ele baixava discretamente até ao local onde hoje está a Capela no Senhor do Calvário e com o sacho às costas, observava atentamente. A sua presença era suficiente para afastar algum pretendente e o sacho era, para elei, como se fora uma arma de artilharia!
Mas a verdade é que todas casaram e constituíram famílias bonitas, como a dela.
E veja-se, ainda, que do casamento com Norberto Moreira da Costa, infelizmente já falecido, a tia Constança acabou por deixar o seu Picoto e viver do lado oposto, na Cortinha, e mais tarde partiram todos para cerca do Carregado, na Vala, ali à beirinha do rio Tejo, e nunca abandonaram o gosto pelo campo e o amanho das terras, porque nunca esqueceram as suas raízes rurais. 

 
                                Tia Constança e tio Norberto, a atração da terra          




Mesmo que a vida dê muitas voltas e que por um motivo ou outro acabemos por nos desligar fisicamente do local onde nascemos, crescemos, conhecemos os primeiros amigos, os nossos mestres de ensino ou tenhamos vivido as nossas primeiras ou definitivas paixões, o coração, o pensamento, a saudade não deixam de nos lembrar ou atingir no mais nobre dos nossos sentimentos - o amor por aquele cantinho que, um dia, fez parte do nosso mundo de ilusões. E no caso deste casal respeitado, certamente que sempre traziam Bujões no seu pensamento e a tia Constança, agora já sem o seu Norberto, ainda hoje tem muitas recordações que não a fazem esquecer nem o Picoto, nem a Cortinha, nem Bujões, nem os pais que lhe moldaram o carácter, como também sucedeu com os restantes irmãos, que já partiram e com aqueles que felizmente ainda restam.
É por isso mesmo que Bujões não se limita aos que aí continuam a sua labuta diária, ou usufruem de descanso por terem abandonado a vida ativa, aí gozando a idade da reforma, porque há bujoenses por todo o lado, tal como sucedeu quando da implantação da república aos oficiais fieis ao regime monárquico que alegavam, na hora da derrota,  haver marinheiros por todo o sítio dispostos a morrer em defesa dos seus ideais.
E antes de terminar, não podemos deixar de lembrar todos os filhos e filhas que são o encanto destes pais, e seus descendentes, que transportam aos ombros a responsabilidade de representar esta família de raízes de primeira qualidade, bujoenses do coração!
De todos eles, eu me permito destacar apenas um, por ser aquele com quem brincámos em menino, e que já então se destacava pelo primor da sua educação e comportamento diferenciado- o DURVAL.



DURVAL MOREIRA DA COSTA 
Em  20  de Março de 1945, nasceu em Bujões o primeiro neto de Vicente Augusto Comba, filho de Maria Constança Comba e de Norberto Moreira da Costa.








 
                                 A casa da tia Constança e do tio Norberto, em Bujões, já demolida.
                                               
 
Também o DURVAL frequentou a Escola. Como vivia na Cortinha, um pouco afastado do centro da aldeia, não se envolvia muito nas brincadeiras dos restantes rapazes da sua idade, mas demonstrava já uma distinção de comportamento que os pais, sobretudo a mãe, controlava de um modo muito positivo.
Depois de acabar os estudos primários, acabou por ingressar no Seminário de Mogofores, graças ao então Padre Germano Correia Botelho, mas  esteve lá apenas um ano, mas aprendeu muito.  
Em 28 de Maio de 1962, com apenas 17 anos entrou ao serviço dos Laboratórios Atral, em Castanheira do Ribatejo, num começo que não foi fácil, mas o seu sorriso, simpatia e humildade, além de esmerada educação, levaram a que começasse a ser muito apreciado pelos colegas.
Em 1966, após inicio do cumprimento do serviço militar, foi mobilizado para Angola onde serviu como 1º Cabo, na especialidade de enfermeiro, integrado na 8ª Companhia de Comandos.
De resto, todos os aspetos relevantes da sua vida na Empresa foram recordados num memorial que circulou entre colegas quando se reformou em 2004, após 42 anos de serviço.







Mas nesta história bonita está presente e em destaque a sua esposa Conceição, sempre a seu lado, como nesta foto em que se olham com ternura!
                               Durval e Conceição, uma paixão duradoira...                          

 
CONDECORAÇÃO HONROSA
 Melhor do que as palavras, os documentos falam por si:
 
 

O Quartel General sediado em Luanda, no dia 11 de Setembro de 1970, emitiu o seguinte LOUVOR de que viria a resultar a concessão ao Durval de honrosa condecoração:



"Louvo o 1º Cabo nº mecº 09430566, DURVAL MOREIRA DA COSTA, da 8ª Companhia de Comandos (C.I.Cmds.), porque, no desenrolar duma acção integrada em determinada operação, tendo o seu grupo sofrido uma violenta emboscada, onde, aos primeiros tiros, o seu camarada que seguia na frente da coluna, foi fortemente atingido, revelou extraordinários dotes de coragem, valentia, decisão e sangue frio e serenidade debaixo de fogo e espirito de sacrifício, acorrendo debaixo de fogo à frente da coluna, com total desprezo pela vida, a fim de prestar os primeiros socorros àquele seu camarada, numa desesperada tentativa de o salvar. Durante a evacuação desse seu camarada, que acabou por sucumbir, apesar das condições débeis em que se encontrava e com que já havia iniciado a operação, logo se ofereceu para ajudar os seus camaradas no penoso transporte da maca improvisada.
Apesar de não ter a mesma preparação física dos seus camaradas “Comandos” ombreou com eles nas mesmas dificuldades, durante as inúmeras operações em que tomou parte, numa revelação de notável espirito de equipa e camaradagem, estando sempre pronto para as missões mais penosas e de maior risco.
Militar extremamente disciplinado, correcto e aprumado, trabalhador incansável, excedia muitas vezes os seus períodos de serviço, esforçando-se permanentemente com a maior dedicação para que o serviço decorresse com a máxima eficiência, tornando-se assim um óptimo colaborador do Comando.
Com a sua natural simplicidade, modéstia, simpatia e extrema dedicação aos seus chefes, granjeou o 1º Cabo DURVAL o maior apreço e consideração, sendo citado como exemplo de militar que honrou o Exército que tão devotadamente serviu e cujos serviços merecem ser classificados de muito mérito
."





TAL AVÔ, TAL NETO!
 
 
Por carta do Quartel General do Porto, de 11 de Abril de 1973, foi comunicado ao Durval que fora agraciado com a CRUZ DE GUERRA de 4ª classe e convidado para participar na cerimónia do dia 10 de Junho, que decorreu em Coimbra, onde lhe foi entregue. Uma honra!
Nessas circunstâncias, o neto do Sr. Vicente do Picoto, já então falecido, tornou-se o primeiro bujoense a merecer tão alta distinção, na sua missão de enfermeiro militar, honrando assim, como seu avô honrara, as forças militares a que abnegadamente e com todo o mérito ambos serviram, separados por 60 anos! E tal aconteceu no preciso momento em que Vicente Augusto Comba se desprendeu da vida terrena no dia 26 de Agosto de 1970.
Um viva à República, deve ter sido esse o seu último pensamento e desejo, antes de seu corpo descer aquela encosta do Picoto a caminho do cemitério de Abaças, acompanhado pelo povo da sua aldeia e pela banda de música de Nogueira.
Nesse género musical, as bandas, este seu neto também viria a evidenciar-se, para não falar noutros netos  que se destacam noutras áreas, com a abnegação e espirito de luta de seu avô.  
 

 
UM MÚSICO NA ROTA DE DEUS
  
A Banda Filarmónica da Assembleia de Deus de Vila Franca de Xira, com o seu brilhante maestro, com o Durval e com toda a juventude linda que lhe transmite fé e esperança! 
DURVAL, pronto para elevar o som desde Vila Franca, Carregado, até para lá do Marão, em BUJÕES e ao alto do Picoto!
 
                     
 Na BANDA FILARMÓNICA DA ASSEMBLEIA DE DEUS DE VILA FRANCA DE XIRA, aí temos um bujoense, tocador de tuba, em cima ao lado do bombo, na rota da religião que lhe enche o coração e a que se dedica com o fervor que sempre colocou em todas as suas tarefas de vida, mas não esquece as suas origens rurais e lá tem a sua quinta onde nada falta, nem sequer a vinha e as árvores de fruta, primeiras imagens que do alto da escadaria da sua casa de Bujões se lhe deparavam ao sair da porta e que o marcaram para sempre, tal como a seu avô Vicente Augusto Comba.
Dois personagens, avô e neto, e os três filhos ainda vivos e uma saudosa recordação aos que já partiram, como o filho Francisco que veio despedir-se da vida terrena ao lado de sua irmã Constança e sobrinhos, bem longe de Bujões, merecendo ser lembrado com respeito e carinho e orações por parte daqueles que acreditam e têm fé.
E não nos admiramos nada que de sacho ao ombro, lá no mundo onde se encontra, o tio Vicente olhe com um sorriso para os que ainda caminham por cá, e já se tenha encontrado com os nobres Canavarro e Dona Antónia, ambos de Sabrosa, e o Padre Domingos, este nascido em Bujões, para saber de uma vez por todas como foi aquela história tão bonita de duas paixões que estiveram na origem do nascimento de sua mãe (Teresa Angélica) e de sua avó materna (Maria dos Remédios).

E no último 5 de Outubro. o Sr. Vicente Augusto Comba lá elevou o sacho ao alto e  com um sorriso aberto, gritou...
 

VIVA A REPÚBLICA! 
 


JVPaula
Novembro 2012

 


 

 

 

 

 

 


 

25 comentários:

  1. Bela história de vida(s)que enriquece Bujões, os Comba e os Ribeiro Araújo.
    Será com muita honra que vou adicionar à história da família o percurso de vida destes descendentes da tia trizavó Thereza Angélica.
    O orgulho do Filipe Canavarro está a tombar por terra

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  2. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  3. Mas que belo texto. Tanta coisa que desconhecia acerca do meu bisavô... Parabéns pelo excelente trabalho de investigação levado a cabo pelo Sr. José Ventura, que por sinal, há-de ter grande talento para a escrita, pois transmite verdadeiras emoções. Muito obrigada por esta partilha de tanto valor.

    Leonor Santos (bisneta do Vicente Augusto Comba)

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    1. vania comba ( bisneta de vicente augusto comba y neta de Fernando comba) que bonita historia da familia comba estao de parabens pela biografia

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  4. Sr. José Ventura, lembrei-me que nasci no dia 3 de Outubro... se o meu bisavó fosse vivo, ía gostar de saber! :)


    Cumps
    Leonor Santos

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    1. Bujões-Memórias e Personagens2 de dezembro de 2012 às 00:24

      O seu bisavô continua vivo na sua e na memória dos bujoenses e não só.
      Ele ficou tão emocionado com o seu nascimento em 3 de Outubro, que só disse " que pena a minha bisneta não ter podido "aguentar" mais um bocadinho", seria um tiro como aquele que acertou no Palácio, mas logo ergueu o sacho ao alto e gritou " Viva a Leonor!"

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    2. :) :) lol

      Ficamos na expectativa da outra parte, a história dos Combas e o tal "romance"... bem diz a minha avó Constança que a história dos nossos antepassados tem muito que se lhe diga...

      Obrigada!

      Leonor

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  5. Parabéns pela forma carinhosa como retrata essa bela aldeia que me viu nascer. Uma aldeia pequena em tamanho, mas muito grande em ilustres pessoas que ajudaram a fazer história. A nossa história.
    José Comba da Costa

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  6. Caro José Ventura Paula,

    Fico muito grato e quero elogiar a tua célebre escrita cheia de lindos poemas, transmitindo de um modo sublime a história da nossa querida aldeia de Bujões e dos nossos antepassados.

    É um acto de coragem e direi até patriota em destacares a ilustre história sobre o meu querido avô Vicente Augusto Comba, muito digno de honra pelos seus méritos.

    Ao mesmo tempo agradeço por me teres mencionado, o seu neto Durval.

    Como Bujoense, o meu desejo é continuar a ser simpático para com os meus contemporâneos Bujoenses.

    Com amor fraternal desejo-te um Santo Natal e mais uma vez um muito obrigado do Durval.

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  7. Eu sou neto do Fernando Comba e o meu nome e Vicente Augusto Migueis Comba gostei muito da historia sobre o meu bisavo, um grande abraco de Londres para a familia Comba

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    1. meu querido primo tambem ja leste a historia de nossa familia abraços de madrid vania comba bayo

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  8. Antes de mais Boas Festas a todos os familiares que desconhecia que tenho.

    Sou Teresa Nunes,bisneta de Vicente Augusto Comba e Maria Luísa Barbosa,neta da filha mais velha destes, Maria Teresa Comba.

    Sou filha de Maria Luísa Comba Lopes Nunes. Conhecemos este Blog esta noite de Natal, que nos deixou muito satisfeitas e orgulhosas pelos nossos antepassados.

    Muito obrigado a quem fez esta biografia de parte da nossa família.

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  9. BUJÔES-;MEMÓRIAS E PERSONAGENS25 de dezembro de 2012 às 11:23

    Olá Teresa Nunes. Se você é filha de Maria Luisa Comba Lopes Nunes, neta de Maria Teresa Comba, quem sabe se sua mãe não tem fotos e algo para referir sobre a mãe dela. Escreva-nos para o email jvpaula@netcabo.pt e o mesmo dizemos à Vânia e ao Vicente, netos de Fernando Comba.Este blogue está aberto a que a memória destes e de todos os Combas ( que eram Escaleiras quando chegaram a Bujões, depois de 1810) e que por artes mágicas ( e não só) passaram a usar o apelido Comba. Dois deles vão casar com duas irmãs, filhas de Maria dos Remedios e esta senhora tem uma vida de romance que em breve iremos revelar. E nas suas veias, corria sangue azul...

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    1. Olá. Eu sou Jaqueline Combat de Azevedo e tenho uma curiosidade a respeito do apelido Comba. Eu sou descendente dos Comba que a muitos foi alterado para Combat. Na minha historia os comba vieram da Suíça e Alemanha. como passaram a usar o apelido Comba? vieram de onde? Jaquelinecombat@hotmail.com

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    2. Olá Jacqueline Combat
      Os Combas ou melhor dizendo o apelido Comba está espalhado pelo mundo inteiro.Na Espanha, na Itália, mesmo em países da américa latina, este apelido é usado por muitas e boas famílias.
      Os Comba, de Bujões, em Trás-os-Montes, Portugal, derivam de um apelido Escaleira, com origem na zona mineira de Alfarela de Jales, ali bem cerca daquela pequena aldeia. Em alguns casos poderá ter origem numa alcunha aplicada,
      então, a pessoas de estatura baixa e um pouco curvada ( Combo) mas isso é apenas uma hipótese. COMBAS na minha aldeia é significado de gente inteligente, trabalhadora, talvez um pouco teimosa, mas sem dúvida gente de bem. Se existem apelidos derivados como COMBAT isso é sinal de que, no fundo, somos todos descendentes uns dos outros até recuarmos aos primeiros seres humanos ( homem/mulher) que passaram a ter nome e apelido. Como tem outro apelido bem português (Azevedo) é portuguesa ou descendente de portugueses?

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  10. esto muito orgulhosa de pertencer a esta familia, sou neta de fernando comba com muito orgulho, parabens pela bela pesquisa, porque até pouco sabia da história real da familia. 29.12.2012. sou paula cristina comba bastos

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  11. para acrescentar a história digo: que fernando comba foi comerciante caso com domingas adão francisco com quem teve num total de 12 filhos: 3 feleceram ainda pequenos que são: fernando dos santos comba, maria teresa comba, felex dos santos comba, maria luisa comba, fernanda do carmo comba (falecida), josé dos santos comba, antónio dos santos comba, filomena do carmo comba e vicente augusto comba, eu sou paula cristina comba bastos filha de fernanda do carmo comba.

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  12. Bujões-Memórias e Personagens29 de dezembro de 2012 às 03:15

    O nosso blogue sauda todos os Combas que se sentem orgulhosos dos seus antepassados e que transmitem o que lhes vai na alma.
    A Paula Cristina Comba Bastos deve ter concerteza uma foto de seu avô,Fernando Comba e da avó, Domingas. Por favor digitalize e envie por email para jvpaula@netcabo.pt e eu coloco no blogue, pois seus avós devem ter sido aqueles que mais contribuiram para que a familia Comba alargasse os ramos da árvore tão linda que José Martins Escaleira e Delfina Margarida Lameiras trouxeram de Alfarela e plantaram em Bujões. A partir de 1831, Delfina surgiu pela primeira vez designada num documento oficial com o apelido COMBA e aos poucos tal apelido foi alargado a toda a familia, uma das maiores da nossa bonita aldeia de Bujões. Como é Paula e eu também, no apelido, vamos ao trabalho que o bisavô Vicente já está com o sachinho às costas a sorrir...

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  13. Olá a todos! Gostei de conhecer a historia do meu bisavô VICENTE AUGUSTO COMBA, sua origem, seu histórico de vida e sua participação na formação da República portuguesa... Sou Dércio Comba Morais de Brito, filho de Maria Teresa Comba, neto de Fernando Comba. Seria um prazer conhecer a minha família na parte do meu avo, não só os que estão em Angola, mas os que estão Portugal... Um abraço!

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  14. Também sou da família Comba de Bujões. Meu pai se chamava Antonio Augusto Comba e meu avô Mário Comba. Não sei se meu avô era irmão ou primo do senhor Vicente Augusto Comba, mas gostaria de saber. Bela história essa da família Comba.

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    1. Bujões-Memórias e Personagens21 de outubro de 2013 às 02:02

      Lucia,veja a página RIbeiro de Araújo e Combas - os Enigmas e o Romance no blogue Bujões Memórias e personagens 2, bem como a página Retratos da Nossa Aldeia-gente Inesquecível. Aí encontrará não só a foto dos seus avós, que foram meus queridos amigos e perceber um pouco da história dos COMBAS, família muito antiga e que chegaram a Bujões, vindos de Alfarela de Jales, altura em que usavam o apelido Escaleira. O seu avô, Mario Comba, era filho de Guilhermina Adelaide Comba, sendo esta filha de Joaquim Comba e Filomena Augusta Ribeiro de Araújo. Por sua vez, Vicente Augusto Comba era filho de Teresa Angélica Ribeiro de Araujo e de Domingos Comba . Filomena era irmã de Teresa e Joaquim era irmão de Domingos. Isto quer dizer que a mãe de seu avô, Guilermina Adelaide era prima de Vicente Augusto Comba e que seu avô era apenas filho da prima do Sr. Vicente. Se quiser que eu publique algo sobre seu pai, que conheci uma vez no Estoril, basta enviar-me uma pequena nota e fotos (terá alguma foto antiga dele, de seus avós?) e envie-me para jvpaula@netcabo.pt que eu coloco no blogue. Seu pai já consta de uma página em que está um grupo de teatro, de Bujões, com a tia Cecília e outras. Eu não escrevo muito sobre os Combas mais recentes porque são muitos, mas sobre aqueles que foram sempre bujoenses bons e trabalhadores, como seu pai, nós temos todo o orgulho em poder destacá-los para que não sejam esquecidos.Se quiser pode também telefonar 961119894. Um abraço do José Ventura Paula.

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    2. Primo José Ventura, obrigada. Vou buscar fotos antigas do meu pai. Tenho fotos minhas com a avó Custódia de quando ela veio ao Brasil. Me passa o que tiver sobre meu pai, minhas tias (Madalena, Cecília, Maria, Elisabete) e meu tio Adérito. Meu e-mail é luciacomba@ig.com.br

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  15. Adorei ler sobre os meus antepassados chamo-me Càtia Marques da Cruz sou neta da Maria Poupa, Filha de Adilia Comba Marques da Cruz adoro ler historias da minha Familia... Espero ler mais...


    catiacruz27@gmail.com

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  16. Sou Filomena comba filha de Fernando comba e neta de vicente Augusto Comba gostei imenso de saber sobre as minhas origens e quão corajoso foi o meu avô linda biografia orgulho-me pertencer a esta enorme e abençoada família

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    1. Este fim de semana foi um sábado triste, muito triste. Morreu sexta feira e foi sepultado sábdo o amigo DURVAL, aqui retratado neste blogue de um modo muito especial e merecido. UM COMBA! Mas também um CANAVARRO, entusiasta dos antepassados da sua família e uma pessoa de uma delicadeza e educação exemplar. Fui despedir-me dele ao Carregado e apresentar condolências a sua esposa, um modelo de mulher e mãe, amiga e companheira de seu marido. Não passou ainda muito tempo que nos deixou também o Sr. Heliodoro Comba, outro entusiasta que tive oportunidade de visitar na Régua e registar a alegria vivida com o conhecimento que passou a ter da história desta prestigiada familia da nossa aldeia. Dizemos adeus ao Durval, ao Sr. Heliodoro e ficamos tristes porque são amigos que partem e nos deixam mais pobres.
      Porém, é salutar constatar que a nova geração Comba como a Filomena Comba,à Catia, e a tantas outras e outros que já deixaram um comentário nesta sua página sentem com orgulho o legado de uma familia que no seu conjunto não esquece os principios da honradez e do respeito, nem o orgulho de ser COMBA! Parabéns e obrigado pelo vosso sentimento em nunca deixar morrer o conhecimento pelas vossas raízes.
      José Ventura Paula

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