INÍCIO PROMISSOR
Dia cinzento de
Outono, este em que nasceu em Bujões, às 9 horas da manhã, do dia 4 de Novembro
de 1920, 5ª feira, em casa de seus pais, MARIA DAS DORES BOTELHO BARBOSA, que irá ficar
conhecida para os vindouros como a tia Maria do Messias, ou
simplesmente … Maria.
Seu pai, Columbano Barbosa, filho
de Joaquim Barbosa do Carmo e Serafina da Conceição, neto paterno de Bento
Barbosa e Amância do Carmo, nasceu em 18/9/1878.
A mãe, Cândida do Carmo Botelho, filha de
Manuel Botelho e Rita do Carmo, que também usava Rita do Carmo Cerdeira, neta
pela parte materna de Maria Joaquina do Carmo, nasceu em 12/7/1891.
Quando chegou a este mundo Maria das Dores era tão linda e com uns olhos tão doces que enchiam de orgulho a feliz mamã. Que início mais promissor!
Tia Maria aos 43 anos Tia Maria aos 91 anos, a caminho dos 100!
MARCAS DE UM CARINHO ESPECIAL
Quando chegou a este mundo Maria das Dores era tão linda e com uns olhos tão doces que enchiam de orgulho a feliz mamã. Que início mais promissor!
Tia Maria aos 43 anos Tia Maria aos 91 anos, a caminho dos 100!
Maria foi desde sempre
muito acarinhada por sua mãe, a tia Cândida, e tinha por ela imensa ternura,
talvez por ser a primeira filha a nascer logo a seguir aos dois primeiros
irmãos.
Sua mãe marcou-a profundamente no seu
carácter e era uma fonte de alegria e inspiração permanentes, além de lhe
incutir princípios morais e de respeito pelo próximo, que nunca esqueceu.
Porém, o pai era mais severo e não
precisava muito para recorrer a esse mau hábito utilizado por muitos
progenitores daquela época, batendo para impor o seu “respeito”.
Chegada a idade, e
contrariamente ao que era costume para as meninas de então, Maria ingressou
na Escola mista de Bujões, ali bem no meio do povo, onde leccionava e vivia a
primeira professora da aldeia – a Dª Silvana – que foi substituída pela Dª Alcina,
no ano de 1927.
Maravilhosas mestras, bem como todas aquelas que se seguiram e que tantas saudades deixaram, pois eram como umas segundas mães que ajudavam todos a crescer no meio daqueles tempos tão diferentes de hoje.
Maravilhosas mestras, bem como todas aquelas que se seguiram e que tantas saudades deixaram, pois eram como umas segundas mães que ajudavam todos a crescer no meio daqueles tempos tão diferentes de hoje.
Maria gostava de aprender, mas também de
brincar, sobretudo com a sua amiga querida, a
Estela, que era da mesma idade, e filha do Senhor Bento e Dona Marieta,
pessoas que marcaram muito a aldeia de Bujões, com as suas idas e vindas
periódicas ao Brasil, numa época em que sobreviver naquele meio tão pequeno e
pobre, era difícil para quase todos.
Não havia bonecas, nem brinquedos, a não
ser pedras, ou uns trapos mal-amanhados, mas os jogos como o esconde-esconde, a
apanhada, o cair do lenço, a roda, a cabra-cega, a corda, tudo servia para
passar o tempo de brincadeira e do recreio da Escola e fortalecer a recordação
que ainda hoje tem de muitas daquelas amigas, mas sobretudo da que,
infelizmente, também já partiu para junto de Deus – a Estela.
No regresso a casa e depois dos deveres
escolares, fazia um pouco de tudo, ajudando a mãe e aprendia com ela as lides
domésticas, além de dar uma mão nos trabalhos do campo, sempre muito duros,
sobretudo no inverno.
O PRIMEIRO DRAMA
Entretanto, mal acabara de sair da Escola, já com a primária feita, seu pai faleceu em Bujões em 30 de Maio de 1933, com apenas 55 anos de idade, deixando a sua querida mãe viúva e com os seguintes filhos menores, incluindo ela, Maria das Dores, com apenas 12 anos:
Vicente Botelho Barbosa, de 14 anos
Manuel Botelho Barbosa, de 7 anos
Isabel Botelho Barbosa, de 6 anos
Jorge Botelho Barbosa, de 3 anos
Fernanda Maria Botelho Barbosa, de 1 ano
PARTIDA PARA CHAVES
A pobre mãe, com tantas dificuldades, ainda
tentou rumar o barco a bom porto, mas não restou outra alternativa que não
fosse mandar a sua filha querida servir para casa de um familiar de Chaves,
onde a Maria fazia de tudo, desde limpar, cozinhar, lavar e passar a roupa,
tudo isso que ela aprendera ao lado daquela mãe tão amiga e que procurava por
todos os meios que os filhos não andassem de barriga vazia.
Como é natural, as saudades de Maria eram
muitas, quer da mãe e irmãos, quer das amigas. E foi com muita dificuldade que
conseguiu aguentar aquela separação, até que regressou aos 16 anos, já uma
mulher! Era sábado de Aleluia de 1937!
ENCONTRO COM O AMOR
Dotada de uma alegria muito grande e de um
sorriso que despertava a atenção aos rapazes da sua idade, foi no entanto o tio
João Cego que ao ouvi-la cantar a convidaria para que ela integrasse o Coro da
Capela de Bujões, pois era dotada de uma voz muito bonita e afinada, ainda mais
se tornando admirada.
Numa determinada data, pouco tempo após ter
chegado de Chaves, seu irmão mais velho, o Joaquim deu-lhe boa indicação do Messias,
jovem bonito, louro e de olhos claros, bom trabalhador.
Tão jovens e na flor da idade, ela com
pouco mais de 16 anos e ele com 20 anos, logo a chama do amor faiscou!
Era gostoso vê-los a caminho da fonte, um
de cada lado, a dois metros de distância, ela com o caneco à cabeça para ir
buscar água, e ele de mãos nos bolsos, ar meio envergonhado, naquele namoro
inocente que foi decorrendo quase três anos, até que ambos decidiram ser
chegada a hora de casar.
Afinal, o primeiro encontro com o amor iria marcar o seu destino.
A CERIMÓNIA
Dia de alegria, em Bujões, em 16 de Março
de 1940, um sábado, quando em Abaças, Maria das Dores Botelho Barbosa e Messias
Alves dos Santos, natural de Bujões, filho de Alexandre Alves dos Santos e Ana
de Jesus Penalva, viram a sua cerimónia de matrimónio registada na
Repartição do Posto do Registo Civil, às 11 horas da manhã, ser em seguida abençoada
pelo Padre Monteiro, na presença de familiares e amigos na Igreja de São Pedro.
Como
Maria era menor, sua mãe autorizou a realização da cerimónia que teve como
testemunhas, Joaquim Barbosa, casado, e Nascimento dos Santos, solteiro, maior.
Todos eles assinaram o respectivo registo
de casamento.
A noiva estava linda, linda como sempre
foi, e o noivo também não lhe ficava atrás, mas como não existem fotos,
deixamos esse inesquecível momento da vida de ambos à imaginação de cada um.
Uma coisa é certa, quer as pessoas de Abaças, quer as de Fontelo, por onde os
noivos e convidados passavam e recebiam os primeiros votos de felicidades,
percorrendo a pé para lá e para cá aquela distância de alguns quilómetros que
separava a Igreja da freguesia até Bujões, baixando até ao ribeiro e subindo
pelo Vedinhal a caminho da sua linda aldeia, lá no cimo do monte fronteiro. De
facto, Bujões, aldeia aconchegada, escondida e rodeada por altos pinheiros e
seculares castanheiros, recebeu com alegria aqueles dois noivos e todos ficaram
extasiados perante quadro tão bonito e onde a simpatia de ambos se destacava,
em especial a da noiva, Maria das Dores, que a partir dali, como era usual,
passou a ser a tia Maria do Messias.
Diz o povo, que não há bela sem senão…
De facto, ainda não tinha decorrido muito
tempo e já no horizonte apareciam as primeiras nuvens negras a estragar os
sonhos que era suposto resultarem daquela união que tanto de bom augurava.
De facto, o Messias era um bom homem,
trabalhador, mas acabaria por deixar-se dominar por um vício comum a muitos
homens, bebendo em excesso, e recorria impensadamente a comportamentos que
infelizmente deixaram uma marca difícil de apagar na memória da mulher que tanto
lhe queria e dos filhos que foram nascendo e a quem faltou esse lado bom que
ele tinha dentro de si, mas que o vicio não deixava transparecer.
Por outro lado, como a tia Maria era
estimada por toda a gente e gostava de mostrar o seu lindo sorriso, embora a
alma estivesse sempre amargurada, o Messias sem certamente o desejar, acabou
por tornar a convivência entre todos muito difícil, sendo naturalmente a tia
Maria aquela que mais sofria e como sofreu no corpo e no coração!
Como então nem médico havia e nem sequer
beber além da conta era considerado doença, o Messias foi ficando cada vez mais
dominado pelo vício e veio a falecer prematuramente em 17 de Junho de 1961, aos
44 anos de idade, deixando a sua Maria em luto e sofrimento, viúva, tão jovem, e
mãe dos seguintes filhos:
Lucília Botelho dos Santos, nascida a 13/3/1941
Manuel Alves dos Santos, nascido em 17/10/1945
Manuel Alves dos Santos, nascido em 17/10/1945
Laurinda Botelho dos Santos, nascida a 15/6/1948
Henrique Botelho dos Santos, nascido a 13/3/1951
Henrique Botelho dos Santos, nascido a 13/3/1951
Leonor Botelho dos Santos, nascida a 16/10/1953
Lucinda da Piedade Botelho dos Santos, Nascida
a 23/6/1956
No Céu já tinha entretanto dado entrada um
Anjo que a tia Maria dera à luz, Laurinda, cujo
nome foi dado a uma outra menina nascida tempos depois e que, hoje, todos
conhecem e tratam por Laura, uma
bujoense que sempre foi apaixonada pela sua aldeia e para quem só interessa Bujões
à frente!
A MISSA do 7º DIA
No dia 24 de Junho, sete dias após a morte
do marido, a tia Maria compareceu na missa de 7º dia, realizada pelo Padre
Monteiro, pois queria pedir a Deus que perdoasse ao seu Messias e que a
ajudasse a criar os quatro filhos que estavam com ela, porquanto os outros dois,
a Lucília e o Manuel, já tinham ido para o Brasil. Mas é bom não esquecer que ela esperava
ainda o nascimento do último presente que seu marido lhe deixara no ventre.
E não foi preciso muito tempo, pois em
plena missa por intenção do marido falecido, a tia Maria, toda vestida de
negro, sentiu as dores de parto e, nesse mesmo dia 24 de Junho de 1961, nascia
em Bujões, Felisbela Botelho
dos Santos, como se fora um sinal de Deus
dizendo-lhe:
“Toma
lá esta flor, Maria, que tu ainda és capaz de criar mais uma filha linda como
tu!”.
A
Felisbela nasceu no preciso momento em que noutro local, bem longe de Bujões,
seu pai, cuja voz de zangado apenas ouvira bem protegida no ventre de sua mãe,
agradecia as orações de muitos bujoenses que na velha Capela de Santo Amaro
sentiam aquele drama convictos de que o Messias seria perdoado e que aquela
linda família que ele ajudara a constituir estava agora nas mãos e no coração
de uma mulher corajosa, de uma Mãe disposta ao combate em defesa dos seus
queridos e amados filhos.
E
Deus, lá do Alto, olhava-a com ternura, pois atento a tantas preces, só
naquele momento se dera conta que já sucedera quase o mesmo quando da morte do
Columbano, pai de Maria. Então, valera a coragem de sua mãe, Cândida, que lutou
imenso pelos seus filhos e sentia-se que estava pronta para ajudar agora aquele
numeroso grupo de netos.
Mas
olhando a tal cenário de drama e com pena de Maria, Deus decidiu, depois de
algum tempo de ponderação, chamar mais um Anjo para junto da Laurinda e coube à
Felisbela,
em 5 de Novembro de
1962, fazer essa viagem para junto Dele, a fim de conhecer a irmã e o pai,
ficando acordado que a restante família terrena iria ser chamada a demonstrar a
sua imensa solidariedade.
SONHOS DESLIZANDO
SOBRE O MAR…
Vários
elementos da família de Maria e Messias já se encontravam no Brasil, como era o
caso do Joaquim Barbosa e mulher, e a partir do ano de 1959, ali chegou o cunhado
Hipólito, bem como passado pouco tempo, sua mulher, Fernanda, irmã mais nova de
Maria.
E para aí partiram, entretanto, dois filhos
de Maria e Messias, o Manuel e Lucília.
Vivendo então em casa da tia, começaram a
vislumbrar o sonho e a possibilidade de juntar toda a família no Brasil. E com
as ideias e sonhos deslizando sobre o mar, num entrelaçar de esforços, tudo se
conjugou com a ajuda da família para iniciarem e prepararem a grande empreitada,
porquanto, lá longe, em Bujões...
Depois
de acontecer a morte do marido, a tia Maria vendeu uns bocaditos de terras, foi a Fátima rezar e cumprir uma promessa, manifestando a grande devoção por Nossa Senhora, Virgem peregrina.
Em seguida, pagando o que devia, juntou aquele lindo grupo de filhos que ainda estavam com ela e iniciou o processo que culminaria na sua partida para aquele Brasil tão distante.
Em seguida, pagando o que devia, juntou aquele lindo grupo de filhos que ainda estavam com ela e iniciou o processo que culminaria na sua partida para aquele Brasil tão distante.
E
partiram… Era o ano de 1967!
A
aldeia ficou mais vazia e mais triste!
O Henrique estava em idade de prestar serviço
militar e com a ajuda do então padre Germano Correia Botelho, um grande bujoense e amigo, Director das Oficinas de São
José, em Lisboa, lá se conseguiu que ele seguisse também para o seu novo
destino, acompanhando a mãe e irmãos.
Embarcados em Lisboa, o mar se abriu com as
suas ondas alterosas, enchendo os corações daquela mãe e daqueles filhos de
esperança e fé numa vida melhor!
O Padre Germano Correia Botelho. Um amigo.
No dia 09 de Fevereiro de 1967 eis que
aportava no Porto de Santos o grande navio transatlântico “Giulio Cesare”, que
partira de Lisboa rumo ao Brasil.
O navio "Giulio Cesare" à chegada
ao porto de Santos.
No cais, no meio das pessoas esperando e aguardando a família da Maria estavam: o irmão Joaquim Barbosa, a irmã Fernanda, suas filhas Isabel e Margarida, o cunhado Hipólito os filhos Manuel e Lucília e também o Sr. José Correia, D. Natália e o Manoelzinho Grilo e a Rutinha Botelho, estes dois últimos filhos do Sr. Manuel Correia.
Olhando para o convés do navio, lá estavam no
meio de tantos passageiros, a tia Maria, a Laura, o Henrique, a Leonor e a Lucinda!
E quando desceram do navio foi uma grande
festa de alegria e emoção. Os sonhos viravam-se, agora, para aquele pais
imenso.
UM MUNDO DIFERENTE
Um mundo de alegria e de despertar para novas dificuldades, mas o apoio da família – e não interessa destacar quem se empenhou mais ou menos – foi fundamental para que quer a tia Maria, quer seus filhos, oriundos de uma aldeia tão distante e pequena, onde todos se conheciam, se integrasse numa cidade enorme como São Paulo, onde tudo é tão gigantesco que até assusta.
Mas
se a fé era e continua sendo tão grande que até o tio Hipólito abriu naquela
cidade um restaurante com o nome de São Clemente, e que, há dias, em 20 de
Agosto de 2012, ele foi visitar a capela de Bujões para apreciar a relíquia
restaurada a quem sempre manifestou a sua crença, então há que dizer que todas
as dificuldades acabaram por ser vencidas, pouco a pouco, e hoje todos sentem o
orgulho natural de terem percorrido um percurso de vida em que a dignidade e os
valores humanos estiveram sempre presentes.
Já
partiu, entretanto, para tristeza de todos, o Henrique, cuja alegria de jovem
muitos de nós lembramos, mas aprecie-se, louve-se, quanto progresso teve esta
família, que um dia se agarrou quase toda em volta da saia da mãe, chorando a
partida do pai e pouco tempo depois a da irmã mais nova, e quanta falta de tudo
então havia, e como hoje cada um há sua maneira floresce nesse país irmão tão
distante.
A TIA MARIA … DO CAFÉ
Mal
chegada a São Paulo a tia Maria foi ao trabalho. Em casa da irmã Fernanda havia
que garantir a sustentabilidade da família. Rendas e trabalhos caseiros, foram
o primeiro recurso para ganhar a vida.
Contudo,
um dia, com a ajuda da Laura e com a anuência desses amigos de Bujões que ela
tão bem conhecia – o Sr. Manuel Correia Botelho e seu cunhado e sócio António
dos Santos Cigarro – ela ganhou um emprego numa empresa de segurança que já
então era um marco naquela grande cidade – a PIRES.
E
num repente, esta mulher simples, sofredora, de uma simpatia irradiante, passou
a servir o cafezinho naqueles escritórios daquela grande Empresa, desde o mais
humilde servidor, até aos Administradores e visitantes ilustres, passando a ser
tratada carinhosamente por a tia Maria do Café!
E
veja-se que ao serem comemorados 50 anos de permanência no Brasil do
conterrâneo e dono da Empresa, Sr. Manuel Correia Botelho, ela foi chamada a
proferir o seguinte discurso:
Sr. Manuel Correia Botelho Edificio PIRES. A saudade ... o cafezinho...
da tia Maria...
"Sr.
Manuel, por ser eu a pessoa mais humilde neste quadro de pessoal que hoje o
homenageia, eu vou dizer duas palavras que por serem tão simples como eu, até
creio que lhe vão agradar!
Sou a “
tia Maria” da Pires, ou a “Maria do Café”. Há 18 anos eu tenho a missão
agradável de servir o cafezinho, a si, a seus sócios e a todo o pessoal. Pela
alegria que a todos dou com o cafezinho, ele é tão conhecido como a Pires.
Há 50
anos, faz agora, eu mesma levei a mala do jovem emigrante, o Manuel de então.
À
cabeça, a pé, e descalça, lá fomos de Bujões, aldeia que o viu nascer, para a
Régua, onde o Sr. Manuel nos deixou a todos com lágrimas logo que o trem deu o
apito e a máquina gigante começou a vomitar fogo.
Antes,
porém, recordem-se as palavras de sua mãe, aquela senhora bondosa em obras,
como religiosa em sua alma:
- Adeus Manuel,
adeus meu filho! Vai com Deus e que Ele te acompanhe. Nossa Senhora da Guia te
guie! Um dia nos encontraremos na eternidade!
Era
assim o que se dizia a quem partia, pensando-se que não mais regressaria a seu
cantinho.
Valeu
apena! O Sr. Manuel teve muito êxito nestes 50 anos. E aí estão todos esses
milhares de pessoas que vivem da organização que o Sr. criou.
Há 50
anos, quando da despedida, era moço ainda e com a vida toda pela frente, estava
longe de pensar que um dia, Sr. Manuel, teria uma empresa que dá tantos
empregos e que eu, então ainda vestida de luto pela morte de meu marido, viria
com 6 filhos pequenos, agarrados ainda à minha sais, bater às portas dela.
E ser
hoje sua funcionária!
As
palavras de sua mãe foram e são uma bênção! Que essa bênção continue e caia
sobre quantas mulheres, como eu, que bateram e batem às portas da Pires e com o
trabalho esforçado encontram recompensa e justiça.
O Sr.
não me deu “caixinha” por lhe ter levado um dia a mala à cabeça. Nem eu queria,
nem o Sr. então teria. Mas dá-me hoje o emprego! Obrigado e sinta-se feliz
porque a sua vida de emigrante não tem sido em vão. VALEU APENA!”
A CAMINHO DOS CEM!
Depois
de um caminho cheio de vicissitudes, hoje com quase 92 anos, a tia Maria do
Messias é uma personagem que projecta sobre a aldeia que a viu nascer um
sorriso lindo que esconde tantos dramas vividos, mas que ao mesmo tempo
transmite uma mensagem a todos nós que é exemplo de fé, de esperança e de paz.
Só
vence quem tem vontade de lutar. Louvemos por isso esta bujoense que vai a
caminho dos cem e que junto da família que ela gerou e que hoje é bem maior do
quando partiram a caminho de uma vida melhor, vive seus dias tranquilos e
acarinhada por aqueles que ela também já acarinhou e que sentem que a melhor
prova de a homenagear é deixar esta página para que nunca seja esquecida! A tia
Maria do Messias, a tia Maria do Café, ou simplesmente Maria, merece ficar assim
recordada!
E
que não se admire, porque milhares de beijos atravessando os céus nessa grande
cidade de São Paulo e outros sulcando os oceanos partindo de vários sítios de
Portugal, sobretudo Bujões, vão ao encontro da sua face, ainda tão linda e
serena!
No
vídeo que acompanha estas já longas palavras, ficam as imagens, os sorrisos, os
personagens duma vida ímpar que esta bujoense simples, sofredora, nos deixou
como herança que interessa preservar para os vindouros.
Parabéns
tia Maria do Messias. Obrigado pela família linda que tem neste Mundo e no
outro. E creia que esse legado é o fruto mais saboroso e belo da sua
inesquecível história de vida e do seu coração de Mãe, Avó e Bisavó!
Setembro de 2012
Isabel Botelho/José Ventura Paula
Boa noite,
ResponderEliminarqueria agradecer porque finalmente descobri o nome completo do irmao do meu avô, o Messias, que até a pouco tempo nem sabia que existia. Se fosse possivel publicarem uma foto dele, para ter mais ou menos uma ideia de como ele era, agradecia. Continuacao de um óptimo trabalho.
Parabéns José Ventura Paula e Isabel Botelho pelo trabalho maravilhoso!!! Não contaram apenas uma linda história, mas colocaram aqui valores e sentimentos que nos emocionam e que são um exemplo para todos nós!
ResponderEliminarNatália Conceição Vilela dos Santos
São Paulo - Brasil
É uma linda e justa homenagem , e o melhor ...feita em vida ! Parabéns pelo trabalho ! A tia Maria é uma grande mulher , meus sinceros votos de felicidades a ela e toda a familia.
ResponderEliminarMaria da Conceição
São Paulo
História comovente sobre uma pessoa da minha aldeia que já ouvi falar.Dá gosto ver que se pode falar das pessoas que tantos sacrificios passaram e que ainda tiveram forças para formar uma familia tão linda!Que Deus guarde a tia Maria do Messias.
ResponderEliminarComo neta e participante da vida da minha avó , só posso dizer que adorei , que ficou muito lindo , e que me emocionei em ver as fotos do meu pai Henrique . Parabéns !
ResponderEliminarCláudia Madeira dos Santos
São Paulo
Precioso recuerdo en esta época de pérdida de tradiciones y amor por la familia
ResponderEliminarGostei muito deste artigo, assim como todos os artigos do Blogue.Vou seguir atentamente.Obrigada ao Sr J Ventura Paula e à Isabel Botelho por tudo quanto dão a conhecer desta Aldeia de Portugal.Conheci bem a Tia Maria do Messias que viajou comigo a Fátima antes de embarcar para o Brasil e conheci também algumas doas suas filhas.Bonita homenagem à Tia Maria do Messias a quem desejo muita sa+ude.Bem hajam!
ResponderEliminarLeoNor
José Ventura, a avó Custódia da Barbosa e de qual ramo dos Barbosa? Você tem mais informações? A respeito da Tia Maria do Messias, lembrei dela de quando eu era pequena. Meu pai às vezes ia até a Pires visitar o Antonio Cigarro.
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