OS PRIMEIROS ANTEPASSADOS

Já dissemos que Bujões teve Foral no ano de 1191, concedido por D. Sancho I, ainda nos primórdios da nossa nacionalidade.
Para Bujões foram enviados 12 povoadores e quem seriam eles? 
Abaças teve carta de Foral em Abril do ano 1200 e para ali foram enviados 11 povoadores. E quem seriam eles?
Embora seja difícil saber com exatidão os nomes dos ilustres antepassados de Bujões, existem documentos na Torre do Tombo que ajudam a decifrar alguns desses nomes. Todavia, mesmo assim, o mais acertado será considerar que tais personagens serão seguramente das gerações seguintes  que se seguiram à dos  primeiros descendentes dessa intrépida gente que merece lugar de destaque na história da nossa aldeia. Senão, vejamos:

Sob o reinado de Afonso III de Portugal, foram empreendidas novas inquirições, no ano de 1258, e delas resultou uma valiosa compilação de informações, indispensável para estudar a história portuguesa da era medieval. Estas, representaram já uma tentativa de afirmação do poder real e trouxeram ao rei conflitos com o clero que foram agudizados pela sua relação com Beatriz, de Castela, quando ainda se encontrava casado com Matilde II, de Bolonha.
 
 
D. Afonso III de Portugal, cognominado O Bolonhês por ter sido casado com a condessa Matilde II de Bolonha, foi o quinto Rei de Portugal.


Nascimento: 5 de maio de 1210, Coimbra
Falecimento: 16 de fevereiro de 1279, Alcobaça
 

As inquirições começadas em 1258 deram origem a grandes contendas. Denunciando a usurpação do património régio, D. Afonso opôs-se com grandes providências. Com os seus interesses agravados, os bispos interditaram o reino e dirigiram-se quase todos à Cúria Romana que funcionava, então, em Viterbo. Em 1267 foi apresentado ao Papa Clemente IV um grande memorial. Entretanto, este pontífice morreu sem resolver o conflito. Em 1275, o seu sucessor, Gregório X, expediu a bula De regno Portugaliae, em que ordenava a D. Afonso III a reparação de todos os danos, sob pena de excomunhão, interdição e deposição.

Ora, a Igreja de Abaças foi objeto de Inquirição para se determinar se era ou não pertença do Rei e nesse inquérito foram ouvidos muitos habitantes das povoações vizinhas, entre as quais  dois de Bujões. Podíamos citar os nomes de todos, mas só nos interessam os da nossa aldeia.
Eis, portanto, os nomes desses inquiridos, residentes em Bujões 
(então designada por Bugaens):

PELAGIO IOHANIS ou PAAIJ ANES, jurado e interrogado, disse que sabe que os filhos e netos de Pay Feyteira devem ser mordomos de fora como foi seu pai.

ARIAS PETRI ou AIJRAS PIREZ,  jurado e interrogado, disse que desde o casal de Gonçalo Rodrici, que é em Vilarinho, davam lutuosa, e agora não dão.
Também foi ouvido o capelão da Igreja de  São Pedro de Abaças DOMINGOS PETRI e muitos outros desse local, de  Vilarinho, Fontelo, Muxagata, Vila Pouca, etc.
A disputa pela posse das terras, fonte de poder, envolvia a Igreja através da Sé de Lamego, a Ordem do Hospital e a Ordem do Templo, bem como a Coroa que tinha direitos e que não queria perder. Por vezes a disputa pela posse dos direitos da terra  assumia caracter violento, como aconteceu em Vilarinho, onde GONÇALO NUNIS  matou o Juiz GONÇALO porque este exigiu para o rei metade das terras daquela povoação. Estávamos em 1258.
Bujões foi sempre uma terra pacifica e nenhum abuso foi reportado por parte das diversas pessoas que foram ouvidas e que fizeram diversas acusações a pessoas de Fontelo, Magalhã, Vilarinho e outros locais que compraram ou ocuparam terras sem pagar os foros ao rei.
De facto, no ando de 1342, o rei Don Diniz, filho de D. Afonso III, confirmou o nosso FORAL e  intimou ao pagamento dos "impostos" que estavam um pouco esquecidos, pois havia dúvidas sobre a legalidade daquele documento.
Atendendo ao que atrás expusemos, não restam dúvidas que este blogue de memórias e de personagens pode indicar que os nomes de PELÁGIO IOHANIS e ARIAS PETRI, são os dois primeiros nomes conhecidos de habitantes de Bujões. Hoje, chamar-se-iam João Pelágio e Pedro Arias.
Merecem ambos e todos os outros um agradecimento por terem contribuído com o seu esforço para que Bujões ficasse na história e hoje continue uma aldeia cada vez mais bonita, depois de atravessar vários séculos e gerações.
De facto, é preciso avançar alguns séculos para se conhecerem mais alguns nomes de pessoas de Bujões e por isso aqui os referimos também:

29/6/1593 - Batismo, de MARIA, de Buiãos, filha de BASTIAN RODRIGUEZ. Foram padrinhos Domingos Rodriguez e Maria Dominguez, de Abaças.

15/1/1595- Celebração do casamento de  GONÇALO GONZALEZ, de Buiãos, com MARIA AFONSO, de Vila Seca de Poiares.

15/1/1595- Falecimento de  MARIA  LOPEZ, de Buiãos.

Aqui se realça outra característica do povo Bujoense, que resulta dos inúmeros exemplos de casamentos com gentes de outras aldeias em redor, homens ou mulheres, ou de padrinhos de batismo e matrimónio, numa manifestação  de que as gentes da nossa aldeia sempre receberam aceitação e respeito dos seus vizinhos, porque se trata de gente boa. E não vale falar numa ou noutra exceção, porque isso existe em todos os lugares.
De resto, basta lembrar uma das famílias mais antigas de Bujões - os BARBOSA -  que através de Joseph Rodrigues Barbosa, do Porto, ao contrair matrimónio em 4 de Novembro de 1618, com Maria Pereira, de Bujãos, iria fortalecer uma família que ainda hoje mantém a firmeza de um apelido com profundas raízes na nossa aldeia.
Deles falaremos a seu tempo.





Julho de 2012


Nota: Agradecimento ao Sr. Padre João Parente, historiador notável do nosso País, natural de Vila Real.

1 comentário:

  1. FANTÁSTICO ! ADOREI , ACHO QUE AINDA SOU DESCENDENTE DESSE BARBOSA POR PARTE DE MINHA MÃE , PQ O MEU AVÔ MATERNO ERA BARBOSA .

    MUITO BOM PARABÉNS !!!!

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