Quando das escavações para a construção da Fonte de Bujões, em 1893, foram encontrados 7 machados de bronze, juntos em cordão, todos muito bem conservados. Junto a eles uma pedra de granito fino, para os afiar...
O reputado médico de Vila Real, Dr. Henrique Manuel Ferreira Botelho, personagem ligado ao mundo da arqueologia, conseguiu adquirir 4 desses machados, oferecendo um ao Dr. Juiz João de Sousa Vilhena, seu amigo. Dois machados ficaram em poder do Abade Manuel Azevedo, de Vila Real, e outro foi oferecido ao Prof. Adelino Samardã, em cuja casa desapareceu quando dum incêndio.
O achado foi considerado tão importante que a revista "O Archeológo Português", ainda hoje editada pelo Museu Nacional de Arqueologia, noticiou o acontecimento na sua edição nº 1, do ano de 1895, em artigo do Abade Manuel Azevedo, tendo este voltado ao tema na edição nº 9, do ano 1904, apresentando uma aguarela de um dos machados, porquanto a fotografia não era ainda muito usual.
Nas páginas nºs 53 e 54 dessa edição nº 9, em artigo escrito pelo Dr. Henrique Botelho, refere-se a Bujões nos seguintes termos:
" Bujões, freguesia de Abaças, é até ao presente a povoação do Concelho de Vila Real que tem dado à arqueologia o maior número de objectos".
Com data de 1 de Janeiro de 1906, e publicado na edição da mesma revista de 1907, diz o Dr. Henrique Botelho:
"Tivemos ocasião de ir ver a vinha em que apareceram os objectos e adquirimos dois denários (moedas romanas) dos seis achados pelos cavadores, os dois objectos de cobre descritos no nº 4 da Portugália, pág. 827, e um moinho romano com duas pedras que cedemos ao Museu Etnológico, assim como três pesos de barro e quatro fragmentos de vasos de argila".
Depois de examinados por peritos nacionais e estrangeiros, cujos estudos estão publicados, concluiu-se que os machados de Bujões são da idade do bronze, situada vários séculos antes de Cristo.
Graças ao esforço daquele prestigiado médico e entusiasta da arqueologia, que faleceu em 1909, ainda hoje é possível observar quatro desses machados, conhecidos por " machados tipo Bujões".
Um deles, está no Museu de Martins Sarmento, em Guimarães, e os três restantes estão no Museu Nacional de Arqueologia, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Veja-se, ainda, o que noticiou em 1895 o abade Manuel Azevedo:
"A sul da fonte, numa vinha a distância de pouco mais ou menos 100 metros, foi encontrado um túmulo antigo, cavado em rocha de xisto e com tampa de granito. Dentro encontrava-se um cofre de barro, com corrente ou colar de ouro e pequenas moedas de prata, tudo vendido no Porto, por 6 libras! O resto ficou enterrado na vinha que ali foi plantada.
Não longe desse local e perto do tumulo, num terreno do Sr. José Dionisio, foram descobertas três pequenas colunas de granito e junto delas um grande bronze de Adriano (imperador romano). Este ficou em poder do Dr. Henrique Botelho."
Entretanto, nos limites de Bujões, perto da Estrada, foi descoberto um forno para fabrico de barro e diversos fragmentos de peças e pesos romanos que foram também doados ao Museu Nacional de Arqueologia.
Bujões, há muitos séculos atrás, esteve de facto na rota dos romanos e quer nas Lamas, quer nas Barrocas, havia terras propícias ao fabrico de artefactos de argila.
O autor do livro "Abaças Histórica", Sr. Dr. Gonçalo Xavier Silvano, não deixou no esquecimento o que aqui referimos e adianta mesmo que foi reportada a descoberta de um alambique em metal, daquela época, cujo destino se desconhece. Agradecemos ao autor do livro o contributo que deu para que Bujões e sobretudo os bujoenses conheçam um pouco da sua historia.
Por fim, não podemos deixar de nos congratular com o facto de Bujões ter vários objectos no espólio de dois dos museus de arqueologia mais importantes do País, como seja o caso dos machados da idade do bronze e vários pesos e uma chave da época romana, bem como fragmentos de utensílios em barro.
No video seguinte,poderão observar imagens de todos os achados arqueológicos.
J.V.Paula
Junho de 2012
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