BARBOSA- FAMILIA COM RAÍZES SECULARES



Nesta página iremos levar ao vosso conhecimento alguns personagens que contribuíram desde há muitos séculos atrás para o crescimento de uma das mais antigas famílias de Bujões que, embora já decorridos mais de 500 anos, não deixaram desaparecer, se bem que já estivesse estado bem perto de se auto extinguir, um dos   mais   conhecidos e respeitados apelidos que corporiza a vivência familiar das gentes daquela secular aldeia. 
A nós resta-nos demonstrar com documentos e factos muitas das situações que certamente desconhecem acerca daqueles que há muitos séculos transportam consigo o sobrenome BARBOSA. 

Com efeito, como alguns deles deixaram marca na nossa aldeia intervindo em acontecimentos da sua história e até em factos curiosos  que só por si merecem destaque, não poderia este blogue deixar de exibir e realçar tudo aquilo que diz respeito aos Barbosa do passado, personagens esses que trouxeram até aos nossos dias o sentimento e orgulho de não deixarem perdido, pelo longo caminho percorrido, um sobrenome que faz parte da memória coletiva da aldeia, cujas delimitações foram estabelecidas pelo foral de D. Sancho I , em 1191, um dos mais antigos de Portugal. 

Contudo, queremos desde já realçar que não é propósito deste blogue determinar quem é a família mais antiga de Bujões, tanto mais que para atingir tal objetivo ter-se-ia de percorrer um caminho demasiado complexo, nunca suportado em certezas, facto por si só impeditivo do sentimento de rigor que é essencial neste tipo de trabalhos.

De facto, não é viável proceder-se à construção fundamentada e global de uma árvore genealógica sobre os Barbosa, ou outra família qualquer, uma vez que  é impossível identificar corretamente todos os nomes que constam dos livros paroquiais nos quais foram efetuados pela Igreja católica os inúmeros registos  respeitantes aos nascimentos, casamentos e óbitos ocorridos desde pelo menos os finais do século dezasseis (1593), por decisão sábia do Concílio de Trento.

Além disso, alguns desses livros, infelizmente, antes de terem sido digitalizados, extraviaram-se, foram destruídos ou apresentam-se com várias páginas rasgadas ou muito deterioradas e, outros, ainda, com caligrafias manuscritas por alguns padres que são praticamente ilegíveis, ou sem indicação percetível dos nomes, bem como  da quase totalidade dos  apelidos, dificultando, assim, qualquer trabalho sério e rigoroso. E faltaria considerar aqueles que nasceram num local, casaram noutro e morreram num terceiro, por vezes bem longe da sua aldeia natal. 

De qualquer forma, e mesmo com algumas lacunas, presumimos que não deixará de despertar interesse e curiosidade saber-se, nem que seja de forma incompleta, como se constituíram as raízes dessas famílias, de que modo e quando apareceram em Bujões e como tais famílias se expandiram pela aldeia, pela região cercana, ou inclusive pelo mundo além, dando o devido realce, quando tal for possível, a algumas curiosas singularidades  pouco ou nada conhecidas das gerações atuais.

Este blogue já publicou páginas sobre a família dos BOTELHO, sobre a família CARDEAL, sobre os COMBA e sobre diversos outros personagens, dando à estampa, a partir de hoje, esta página mais abrangente sobre a família Barboza, cuja grafia atual é BARBOSA.

Alguns personagens dessa família irão aqui ser lembrados com o respeito que devem merecer todos aqueles que em tempos tão difíceis, homens ou mulheres, contribuíram com o seu esforço e apego à sua terra para que esta, como sempre sucedeu desde 1191, pudesse com orgulho continuar o seu caminho, prosseguindo e progredindo num país em que o interior rural cada vez  vai ficando mais exposto ao abandono das suas gentes, as quais  se deslocaram e continuam a deslocar-se para outras paragens ou mundos bem distantes, em busca de melhor vida.
 
Todavia, não fora o legítimo desejo de busca de uma vida melhor, é indesmentível que aos olhos dos seus naturais, moradores e visitantes, Bujões é fonte de orgulho não só pela beleza com que a moldou a natureza, no meio de tanta verdura e paisagens magnificas, como a memória do passado ressalta em cada rua ou recanto, mantendo a sua estrutura física e visual, sem grandes alterações ao longo dos séculos, apenas com outros e melhores caminhos que a atravessam e onde se erguem as modernas casas resultantes da vaga de emigração e pouco mais.
Nem sequer o Marão, ao longe, interfere muito no ambiente sereno que se vive naquele local que os povoadores de Sancho I escolheram para enfrentar e desbravar as terras e campos  em redor, como se fossem os guardiões de honra das negras casas de pedra xistosa,  nesses tempos tão distantes em que era necessário redobrar de atenção pela presença de inúmeros animais selvagens como ursos, lobos, javalis, texugos, serpentes, cobras etc. etc. sempre vagueando por ali perto, nos bosques. 
Hoje, tudo é diferente!
E para lembrar o passado, nada melhor que saber-se quem foram, afinal, os admiráveis e indomáveis antepassados  da família BARBOZA que  marcaram a aldeia desde há mais de cinco séculos atrás! 

 "Aos vinte e oito de Setembro de 1635, sepultei a Gonçalo Roiz de Bujões na    sua Capela do dito lugar. Fez manda por escrito. Herdeiro Juseph Roiz Barbosa. Recebeu todos os sacramentos."


 
outo significa oito
Sbro  significa Setembro
Gº  significa Gonçalo
Buianus significa Bujões
Roiz significa Rodrigues
Juseph significa José
manda significa testamento
sacram.os significa extrema unção 

Após observação atenta do documento acima, a primeira questão a decifrar é desde logo a de se tentar saber quem é este Gonçalo Roiz, cujo nome completo, adiante se verá, é o de  Gonçalo Rodrigues Barbosa, e que faleceu em Bujões em  28 de Setembro de 1635. Presume-se que tenha ali nascido por volta de 1570.
Em seguida, consta do documento que ele foi sepultado naquela que dizem ser a sua Capela e que fez manda (testamento), por escrito, nomeando seu herdeiro, Juseph Roiz Barboza (José Rodrigues Barbosa).
Será ele, bem como o herdeiro nomeado, natural de Bujões? Sem dúvida que sim, mas não saberemos nunca quando Gonçalo nasceu porque só existem registos desde 1593. 
Para a história, ele  será sem dúvida o bujoense de apelido Barbosa nascido há mais anos, falecendo numa época em que reinava em Portugal um rei espanhol.
Ele teve irmãos (alguns terão vivido em Vila Real, Canelas e Porto), e teve pelo menos mais três ou quatro filhos, para além daquele que nomeou como seu herdeiro. 
Morou no Porto, na Rua da Lada, na Ribeira, junto ao cais de embarque e onde existiam, então, ligados à exportação de vinho, diversos comerciantes e profissões conexas, desde ferreiros, tanoeiros, taberneiros , etc. etc. Na família Barbosa houve também alguns  com estudos e tiveram a profissão de  escrivão em municípios e notários, mas também houve muitos que morreram pobres porque trabalhar no campo nunca enriqueceu ninguém. 
Como não é possível saber-se qual a profissão de Gonçalo Rodrigues Barbosa, mas tão somente que ele ganhou algum dinheiro ao ponto de mandar erigir uma Capela em Bujões- a Capela dos Barbosa, vamos em seguida analisar os aspetos essenciais da passagem por este mundo de muitos Barbosa, com base em documentos que abaixo reproduziremos:



O CASAMENTO DE GONÇALO E CECÍLIA

O registo abaixo comprova que Gonçalo Rodrigues Barbosa é natural de Bujões, onde casou com Cecília Lopes, tratando-se do documento mais antigo relativo a um casamento de pessoas da aldeia e que deram origem a uma família ainda hoje conhecida. 








Gonçalo e Cecília deslocaram-se para o Porto, onde moravam junto à Ribeira, na Rua da Lada, que ainda hoje existe. Em 9/4/1595 aí nasceu o primeiro filho, com o nome de Juseph Roiz Barboza (José Rodrigues Barbosa),conforme registo da Igreja de São Nicolau.

Aos nove de Abril de mil quinhentos e noventa e cinco batizei a Juseph filho de Gonçalo Roiz e de sua mulher Cecília Lopes, moradores na Lada.






Rua da Lada e Igreja de S. Nicolau na Ribeira-Porto. Por aqui andaram os Barbosa, de Bujões. Nesta zona nasceram e foram batizados. 



Angeo(?)  Registo de batismo de 10 de Novembro de 1596 (751 ref) do 2º filho de Gonçalo Rodrigues e de sua mulher Cecília Lopes, da Lada.


27/5/1598 S. Nicolau - Porto. Registo (ref.767) de nascimento de Manuel, filho de Gonçalo Rodrigues e de sua mulher Cecília Lopes, da Lada.


22/4/1600 (ref.784)  Registo de batismo de Francisco (?) filho de Gonçalo Rodrigues  e de sua mulher Cecília Lopes, da Lada.




27/10/1601 (r.799) Francisca- Registo de batismo da Igreja de S. Nicolau-Porto. Filha Gonçalo Roiz e de sua mulher Cecília Lopes, da Lada.


É possível que Gonçalo Roiz Barbosa e Cecília Lopes tenham sido pais de mais filhos, e que até tivessem perecido alguns deles em crianças, mas para este trabalho apenas irão interessar aqueles que deixaram provas da sua passagem ou ligação a Bujões.
Por agora, voltemos ao pai que tendo regressado à sua aldeia natal começou por tratar das suas terras e dedicar-se à construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição . 
Vejamos os factos:



Primeiro facto em 1626;

Construção em Bujões de uma Capela dedicada à Virgem Nossa Senhora da Conceição,  instituída aos vinte de Outubro de 1626, por Gonçalo Rodrigues Barbosa, morador na Rua da Lada, na cidade do Porto, natural de Bujões e estando residente neste local, e erigida "por descarga de sua consciência e bem de sua alma e de sua mulher Cecília Lopes, já defunta".

Tenhamos presente o documento manuscrito pelo notário apostólico e pároco da freguesia de São Pedro de Abaças, Padre André Madeira Belo, logo seguido da transcrição documental elaborada, a nosso pedido, por um professor universitário especialista nestas matérias: 
   







Destaques deste documento

Primeiro: Gonçalo Rodrigues Barbosa nomeia como seu   herdeiro o filho José Rodrigues Barbosa.

Segundo: Na data (1704) em que o documento referente à instituição da Capela foi exibido e entregue ao Pároco de Abaças, a administradora da Capela era Ana Peres. Adiante falaremos dela.

Terceiro: O documento instituindo a Capela e suas obrigações foi feito em Notário em 20 de Outubro de 1626.

Quarto: Diz o documento que Gonçalo Roiz Barboza (Gonçalo Rodrigues Barbosa) era morador na Rua da Lada, na cidade do Porto, natural de Bujões, e agora ali residente.

Quinto: Gonçalo Rodrigues Barbosa era viúvo de Cecília Lopes, sendo esta, ao que tudo leva a crer, natural de Bujões, onde ambos casaram. 

Sexto: Que os bens herdados de sua mulher, em partilhas, bem como o seu serrado, Casas e Cortinha (Presa), ficavam adstritas ao vínculo da Capela, isto é, deixava bens que pertenceriam à Capela para suportar os custos desta e pagar as missas que ali iam obrigatoriamente ser celebradas por sua alma e familiares.

Sétimo: Que seu filho José Rodrigues Barbosa era nomeado administrador da Capela e que será sempre um filho macho e nunca fêmea o futuro administrador. Todavia, anos mais tarde, esta decisão de descriminar as mulheres, acabou por não ser cumprida chegando a Capela a ter Ana Peres como administradora.

Nota: Este documento de 1626 foi tresladado pelo pároco de Abaças e lançado em livro em 1704.


Segundo facto em 1618


Na Igreja de S. Pedro-Abaças, em  4 de Novembro de 1618, realizou-se o casamento de Juseph Roiz Barboza, (José Rodrigues Barbosa), filho de Gonçalo Roiz Barbosa. Este, viria a  nomeá-lo como seu herdeiro e administrador da Capela, oito anos depois desta cerimónia.  
 
JUSEPH ROIZ BARBOZA, do Porto
e MARIA PEREIRA, de Bujões


Registo do casamento de 4/11/1618



" Aos 4 de Novembro de 618 annos recebi a Juseph Roiz Barboza do Porto e a Mª Pereira de Bujãos de que forão testemunhas Gregório do Valle Coutinho e Francisco, solteiro, todos de Abbaças e assinarão comigo"
 
Assinatura de Juseph Rois Barbosa (José Rodrigues Barbosa)


Deste matrimónio, entre José Rodrigues Barbosa e Maria Pereira, iriam nascer em Bujões os seguintes filhos do casal, mas como há registos em falta ou ilegíveis tudo leva a crer que possam ter nascido outros.


20/11/1619  nasceu GONÇALO PEREIRA BARBOSA
Padrinhos: Domingos Moura e Francisca Barboza, prima de Joseph Roiz Barboza. 

20/05/1621 – nasceu MARIA PEREIRA BARBOSA
Padrinho: Joseph de Miranda.

16/11/1623 –nasceu MANUEL PEREIRA BARBOSA
Padrinhos: António de Mesquita Correia e mulher, de Vila Real.

26/03/1629–nasceu BERNARDA PEREIRA BARBOSA
Padrinhos: Gonçalo de Mesquita Pereira e Maria Barboza, mulher de Gaspar Gonçalves, do Porto. Faleceu em 4/2/1652

28/09/1631 –nasceu ANTÓNIA PEREIRA BARBOSA
Padrinho : António Barboza, do Porto.

20/06/1634–nasceu LIONARDA PEREIRA BARBOSA
Celebrante : Abade A
ndré Barboza 
Padrinho: Morgado Gonçalo de Mesquita

29/09/1636 nasceu MATEUS PEREIRA BARBOSA
Padrinho : António Roiz Barbosa, do Porto




Terceiro facto em 16 de Janeiro de 1695

Paróquia de Poiares – Aos dezassete dias do mês de Janeiro de mil seiscentos e noventa e cinco baptizei a LUIZ, filho de Luíz da Silva Barbosa, da cidade do Porto, e de Rosa Luiza, da mesma, Solteiros. Foram padrinhos Belchior Pereira Barbosa, por procuração do Dr. Joseph Pereira da Cruz da mesma cidade e madrinha Ana Peres, mulher de Belchior Pereira Barbosa, do lugar de Vila Seca, desta freguesia. 




Na Igreja de Poiares foi realizado o batismo cujo registo acima exibimos e que vem deixar prova de algumas questões muito evidentes:

Primeira : Além de Bujões, existiam membros da família Barbosa em Canelas/Poiares e Vila Seca de Poiares, com ligações a familiares residentes no Porto ou em Vila Real e entre alguns deles haviam desavenças fortes, sobretudo com o Capitão Manuel Pereira Barbosa, segundo filho de José Rodrigues Barbosa.
Sendo este militar, habituado a combates duros em guerras com e em Espanha, dono de imensas terras em Bujões, não era Barbosa para brincadeiras... 
Já iremos ver o seu testamento, um pouco mais abaixo, para se constatar que ele revelava possuir um carácter  valente e belicoso, além de diversificado nas paixões, mas sempre solteiro, se bem que pai de algumas filhas.

Segunda: Belchior Pereira  Barbosa e  sua mulher Ana Peres, natural de Vila Seca de Poiares, vão ficar na história por terem tomado o partido de Luís da Silva Barbosa, pai daquele outro Luís da Silva Barbosa batizado na Paróquia de Poiares em 17/1/1695 ( documento acima) em  que houve recurso ao Tribunal da Relação do Porto por causa de alguns negócios feitos pelo  avô paterno do Capitão, Gonçalo Rois Barbosa, em Vila Seca de Poiares, entre os quais a Quinta da Prelada e outras fazendas mais.  No fundo, o cargo de escrivão em Notários ou Câmaras, ou mesmo em atividades comerciais na Rua da Lada, em plena ribeira, no Porto, eram lugares de prestígio social e comprovam que esses Barbosa, que eram familiares entre si, tinham estudos para além do vulgar saber ler e escrever. 

Terceira: LUIZ, batizado em 1695, e que, como dissemos, viria a ter como nome completo LUÍS DA SILVA BARBOSA, tal como o pai dele,  fez carreira militar como capitão do exército. O pai, por sua vez,  era primo do capitão Manuel Pereira Barbosa e não tinham boas relações, como já dissemos e veremos. Contudo, houve um irmão de Gonçalo Roiz Barboza, de nome Manuel Roiz Barbosa, que se instalou em Canelas e foi padrinho de imensos casamentos e batizados em Bujões.
 


4º Quarto facto em 19/6/1680

 O Capitão de cavalos, Manuel Pereira Barbosa, também lutou em diversas batalhas e em incursões a Espanha, durante a Guerra da Restauração, a partir de 1640. 

Manuel Pereira Barbosa é o 2º filho de José Rodrigues Barbosa e de Maria Pereira, e nasceu  em 16/11/1623, tendo enveredado  pela carreira militar na qual atingiu o posto de Capitão, no Regimento de Chaves. 
Já reformado de tanta luta, sobretudo com Espanha, por virtude da ocupação filipina do trono português, durante 60 anos (1580 a 1640), pelos 3 reis espanhóis, todos de nome Filipe, e em especial na chamada guerra da restauração que se seguiu, e que durou vários anos, com episódios muito violentos em Trás os Montes, através de incursões ocorridas de um lado e de outro na região de Chaves e Bragança, onde ele mais atuou, viu chegada a hora de descansar os últimos tempos em Bujões.
Aqui, já liberto da guerra, dono de imensas terras, algumas das quais com nomes que se mantiveram até hoje e outras que nem o tradutor consegue identificar, ocupou-se dos seus problemas, da sua escrava negra e do filho desta, bem como das suas duas filhas, ambas de mães solteiras, mas que ele reconheceu, sem esquecer as paixões arrebatadas com a brigantina Anna, que foi  igualmente mãe solteira da filha de nome Bernarda e de um filho, Manuel, nunca reconhecidos! 
Além dessas aventuras amorosas e de muitas outras desconhecidas, o capitão Barbosa, no seu repouso de guerreiro, começou a descobrir que alguns membros da família eram capazes de o trair, após a sua morte, e decidiu elaborar o seu testamento em defesa dos seus interesses. Um testamento bem longo, cheio de mensagens a um irmão e a um sobrinho...


O ENORME TESTAMENTO DO CAPITÃO MANUEL PEREIRA BARBOSA
 
Abaixo exibimos o testamento original ( apenas 3 páginas das nove) por limitações de espaço e a totalidade da transcrição original

Primeira página de um total de nove que compõem
o testamento de Manuel Pereira Barbosa

Página 2 do testamento original


Ultima página do testamento original

Página 1 da transcrição


Página 2 da transcrição
Página 3 da transcrição


Página 4 da transcrição
Página 5 da transcrição
Página 6 da transcrição

Página 7 da transcrição
Página 8 da transcrição



Destaques deste documento

Primeiro :  O testamento foi feito na morada do capitão em Bujões e este, segundo diz, "encontrava-se valente e bem disposto, sem por agora ter queixa dos males que me molestem".
Faz um pedido que tem bastante significado: "Peço ao Senhor meu compadre, o Senhor João Correia da Mesquita, me faça mercê e esmola, crer ser meu testamenteiro para que em seu poder e autoridade se faça tudo na forma que é minha vontade e para que sua afilhada Maria Pereira, minha filha, não seja perseguida por seus inimigos que sei os há-de ter ".

Segundo: Quando morresse, o seu corpo deveria ser sepultado dentro da Igreja de São Pedro em Abaças.
Esta decisão do Capitão revela que ele não queria ser enterrado na Capela de Nossa Senhora da Conceição onde se encontrava sepultado seu pai. Ele tinha em curso disputas com alguns Barbosa, sobretudo com seu irmão Gonçalo e seu primo Luiz da Silva Barbosa, e não queria misturas ... 

Terceiro: -  E no testamento escreveu: "Meu sobrinho Belchior Pereira Barbosa remediou as traições que me havia feito, com sua prima, minha filha Paula, com a jurar por mulher sem ser por isto constrangido nem obrigado, e depois de jurado, a furtou e levou de noite para sua casa..."
" e pelo que tenho experimentado de Belchior Pereira não fazer coisa boa nem haver tido  ação digna de de louvor, parece que o estou vendo em maiores traições do que as passadas, ou impedindo a herança à dita minha filha Maria Pereira, ou vendo-me falecido, deixar de casar com sua prima Paula, minha filha, em caso que tal suceda, e que o poder possa mais que a misericórdia e a razão, o deixo deserdado de todos os meus bens".

Quarto :  E sobre o irmão refere: "Ficou meu irmão Gonçalo Pereira aceitando estas fazendas (Vila Seca de Poiares) na condição de não legitimar nas de Bujões, como consta do testamento de meu pai".
Acusa o irmão de ter tomado posse indevida de vários prédios do pai e dele e avisa: "Sendo caso que apareçam alguns papéis que o dito Gonçalo Pereira deixou como deles conste haver-se-lhe dado, ou deixado por morte dos pais, irmãs ou irmãos, se lhe não deve dar crédito porque é sabido que ele era acostumado a fazer semelhantes papéis falsos, para com eles tomar as fazendas alheias".

Quinto : Sendo dono de imensas terras, como se refere no testamento, algumas delas com os nomes que ainda hoje são iguais, confessa que " tudo me custou o meu dinheiro no tempo da guerra" e nomeia sua herdeira universal Maria Pereira Barbosa, sua filha, mas deixa muitas terras à outra filha, Paula Pereira Barbosa.
Entre outros, beneficia Antónia, filha de Isabel Cortinha, dizendo que esta quis ser sua filha, além de pedir para que sua herdeira universal, a filha Maria Pereira, não abandone a criada dele,  Maria de Araújo.


Bujões-20 de Março de 1687 - Registo de óbito do Capitão Manuel Pereira Barbosa .



31/1/1695 - Bujões- Registo de óbito de Maria, solteira, preta, escrava que ficou de Manuel Pereira Barbosa




17/2/1647 (Reg.052)Bujões-Abaças- registo do batismo de João, filho de Maria, preta, escrava de Joseph Roiz Barbosa, de Bujões,....



É curiosa a existência em Bujões de uma escrava que "pertencia" a Joseph Roiz Barbosa, pai do Capitão e, depois da morte daquele,  "ter passado a pertencer" ao Capitão Manuel Pereira Barbosa, certamente como "bem de herança!"  
Felizmente que a humanidade evoluiu muito, mas ainda está longe de ultrapassar estas situações que é preciso compreender no contexto desses anos.
Para se concluir, dir-se-á que comprar escravos ou escravas estava em voga nessa altura, mas dispor em testamento que fossem bem cuidados pelos herdeiros já não era coisa comum e só revela que o Capitão era possuidor de caracter bondoso, e também não se esqueceu de reclamar pelo escravo que era dele e que foi levado pelo irmão Gonçalo.   

Quanto ao Belchior Pereira Barbosa, o autor do testamento  não se enganou nas suas suspeitas, porque Belchior nunca cumpriu a promessa de casar com a sua filha  Paula Pereira Barbosa e acabaria por casar antes com Ana Peres, de Vila Seca de Poiares. Tudo indica que ambos passaram a apoiar Luís da Silva Barbosa e Gonçalo Pereira Barbosa, o primeiro primo e o segundo irmão do Capitão, que no dizer deste era reconhecidamente propenso a envolver-se em falsificações de documentos relativos à posse de terras.
Não sabemos o que foi falsificado, quem prejudicou quem, mas o certo é que este registo do óbito de Paula Pereira Barbosa, filha do Capitão, diz que ela morreu pobremente... e solteira.

Aos 5 dias do mês de Abril de 1726 e no lugar de Bujões desta freguesia de S. Pedro de Abaças, faleceu com todos os sacramentos PAULA PEREIRA, solteira. Fez testamento por palavra... Morreu pobremente... Para pagamento das muitas missas que deixou para serem rezadas, deixou cinco mil reis ao sobrinho Juseph Botelho... ( ver texto seguinte)
 

Quanto à filha do Capitão Maria Pereira Barbosa, sua herdeira universal, acabou por casar com Joam de Figueiredo, e tal como consta do testamento, o processo da herança do Capitão foi disputado no Tribunal da Relação do Porto entre Luís da Silva Barbosa e o dito Joam de Figueiredo.
Nada se encontra sobre esse caso, mas não deixa de ser significativo que em 1711 se tenha realizado em Bujões o casamento referido no registo abaixo, de um filho de Maria Pereira Barbosa e seu marido Joam de Figueiredo, mas o apelido Barbosa não foi usado pelo noivo que passou a usar o apelido da mulher- Botelho (tinha que ser!)
Ou seja, tendo uma filha do Capitão morrido solteira e a outra mesmo casando não foi seu apelido usado pelo filho ou filhos ( só encontrámos este), por aqui  os Barbosa de Bujões não acrescentaram mais frutos à sua árvore! 


Em os quinze do mês de Janeiro de 1711 nesta Igreja de São Pedro de Abaças, do termo da Comarca de Vila Real, em minha presença e das testemunhas abaixo nomeadas e assinadas se receberam Juseph Farreira Botelho (José Ferreira Botelho), filho legítimo de Joam de Figueiredo e de sua mulher Maria Pereira Barbosa, do lugar de Bujões, desta freguesia de São Pedro de Abaças, com Maria Lianor Botelho da Fonsequa (Fonseca), filha legítima de Manuel Ribeiro de Figueiredo e de sua mulher Maria Botelho da Fonsequa, da freguesia de São Dionísio de Vila Real ...




Outro caso a referir é o caso de Bernarda, filha de Anna, solteira, de Bragança, que ao batizar a criança fruto de uma relação amorosa, não  teve qualquer problema em referir ao padre que Bernarda tinha como pai Manuel Pereira Barbosa, solteiro, filho de José Rodrigues Barbosa. Apresentou como padrinho um Botelho, mas isso nada mudou na postura do Capitão que não reconheceu Bernarda como sua filha, nem a beneficiou no testamento. O mesmo se passou com outro filho de Anna, de nome Manuel, também considerado filho ilegítimo. Eram assim aqueles tempos em que não havia  testes de ADN !!!

11/12/1651- Bujões - Batizado de  BERNARDA - filha de Anna, solteira, de Bragança, deu por pai Manuel Pereira Barbosa, solteiro, filho de José Rodrigues Barbosa, soldado de cavalo. Foram padrinhos António Botelho, solteiro, filho de António Botelho… de Galafura.


 Bujões - Aos quinze dias do mês de Dezembro de mil seiscentos e oitenta e nove anos, casamento de Manuel, filho ilegítimo de Manuel Pereira Barbosa, já defunto, e Anna... de Bragança



OS BARBOSA DA CIDADE, A CAMINHO DE  BUJÕES





20/9/1764- Paroquia de São Dionísio-Vila Real (r.180) Registo de batismo de JOAQUIM...

JOAQUIM, filho legítimo de Gaspar Gonçalves de Morais, Sargento-mor desta Comarca, e de Dona Luísa Caetana da Silva Barbosa, neto pela parte paterna de Gaspar Gonçalves de Morais e de sua mulher Rosa Maria dos Santos, naturais da cidade de Bragança, e pela materna neto de Luís da Silva Barbosa, escrivão, e de sua mulher Teresa Caetana Borges, da rua da Cadeia desta freguesia (São Dionísio-Vila Real), nasceu aos 20 dias do mês de Setembro do presente ano de mil setecentos e sessenta e quatro: Padrinho Joaquim da Silva Barbosa, solteiro, filho de Luís da Silva Barbosa.
   


Este registo permite conhecer os ascendentes daquele que viria a ser o Padre Joaquim José da Silva Barbosa, todos eles nascidos em Vila Real, Porto ou Bragança. O pai do Padre Barbosa casou em segundas núpcias com Dona Luísa Caetana da Silva Barbosa, de Vila Real, e foi Sargento-mor da Comarca de Bragança e Vila Real, cargo de grande prestígio local.

Aliás, como já referimos por diversas vezes, todas as famílias que tinham algum destaque, procuravam que um ou mais dos seus membros pertencessem ao clero, daí que eram aprovados anualmente imensos processos de candidatos a padres. 

De facto, bastava cumprir um conjunto de normas, como por exemplo ter bens de sustento próprio (terras) e raízes na prática da fé católica dos familiares, pais e avós, que o resto também não era difícil de conseguir.
A família Barbosa que já tinha pelo menos um membro no clero, o Abade André Barbosa, do Porto, considerou que seria importante a candidatura de mais um membro a sacerdote em Vila Real e agiu em conformidade.
Daí que, em 1785, se registou o processo de habilitação de génere relativo ao candidato JOAQUIM JOSÉ DA SILVA BARBOSA, nascido em 1764, e a quem já nos referimos na página "OS PADRES DE BUJÕES".




Não vamos aqui pormenorizar a vida deste Padre, mas não podemos deixar de referir que ele rezou missa na Capela de Nossa Senhora da Conceição, em Bujões, de que foi administrador, na Capela de Santo Amaro, também em Bujões, e na Igreja de S. Pedro, em Abaças. 

Podem constatar tudo isso na página  "OS PADRES DE BUJÕES", neste blogue, edição 3,  bem como verificar o facto de quase todos eles terem sido pais, alguns de vários filhos, mas tiveram a coragem de os reconhecer,  muito embora não  fossem registados como filhos legítimos, porque tal a igreja não consentia.

O padre Joaquim José da Silva Barbosa foi pai de três filhos de uma bujoense, de nome Florência Amália, nascida em 1771 e falecida em 1834. Pelo menos dois desses filhos foram deixados na Roda da Igreja de S. Pedro, em Vila Real, mas tudo terá sido feito com uma determinada estratégia porque todos eles seguiram em frente e voltaram a Bujões. Seus nomes, são:  Dona Ana Joaquina da Silva Barbosa, Dona Margarida Amália da Conceição Barbosa e António Joaquim Vicente.


Aos 16 de Julho de 1835 celebraram casamento António Botelho de São Payo,  filho de Alexandre Botelho de São Payo e  de Dona Theresa Moutinho de Aguiar, residentes em Bujões, com Dona Ana Joaquina da Silva Barbosa, exposta da Roda de Vila Real, criada no lugar de Benagouro, Vilarinho de Samardã, filha do Padre Joaquim da Silva Barbosa e Florência Amália, do dito lugar de Bujões.


Bujões  11/7/1839- Registo de batismo de JOSÉ, filho natural de Dona Margarida Amália da Conceição, neto materno de Florência Amália  e paterno do  Padre Joaquim José da Silva Barbosa.



Dona Margarida Amália da Conceição Barbosa, conforme demonstramos no exemplo do registo acima, teve filhos naturais, entre os quais José, mas não usaram o apelido Barbosa.

Morreu solteira, assim como sua mãe, Florência Amália, tendo sido sepultada na capela de Nossa Senhora da Conceição, em Bujões.

António Joaquim Vicente, nascido em 22/10/1800, foi ordenado sacerdote em 1828, chegando a pároco de Abaças e a celebrar cerimónias religiosas em conjunto com seu pai, que também esteve algum tempo como pároco da Igreja de São Pedro, naquela freguesia. Um pouco da sua vida sacerdotal está exposta na página " OS PADRES DE BUJÕES".


O padre Barbosa era dono da Quinta da Prelada e tinha bastantes bens, mas também arranjou dívidas e por isso, como homem de palavra, e para pagar o que devia acabou por hipotecar aquela Quinta, conforme escritura abaixo, deixando a mesma, mais tarde, de pertencer aos Barbosa. 



Primeira e última folhas da escritura de hipoteca da Quinta da Prelada, a favor de João Rebelo de Matos Rocha, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, outorgada pelo Padre José Joaquim da Silva Barbosa, do lugar de Bujões.



Bujões- 20/2/1835 - Registo do óbito do Padre Joaquim José da Silva Barbosa, sepultado na Igreja de S. Pedro, em Abaças.






Cópia do testamento do Padre Barbosa. O maior bem seria a Quinta da Prelada, mas essa foi hipotecada e pouco mais havia a herdar.

Aos 15 dias do mês de Fevereiro de mil oitocentos e trinta e cinco, neste lugar de Bujões e nas casas de morada do Padre Joaquim José da Silva Barbosa, neste local aonde eu Alexandre Botelho de São Payo deste mesmo lugar vim, de logo a chamamento do mesmo, para lhe escrever o testamento e disposição de última vontade e palavras que o dito testador Padre Joaquim se achava em seu perfeito juízo e claro entendimento lhe escrevi o seu testamento na forma que por ele foi ditada que é a seguinte...

"que por sua alma lhe mandarão dizer duzentas missas, por alma de seus pais vinte missas e  por alma de seus avós outras vinte missas, ditas todas de uma só vez, somente dentro de dois anos a partir de seu falecimento.
Que por fragilidade humana e trato ilícito que havia tido com Florência Amália, tivera três filhos a saber: Padre António, Dona Ana e Dona Margarida, os quais tem criado e educado perfilhando-os como consta das cartas de filiações a fim de poderem receber nos bens de herança dele testador e por isso instituía por seus únicos e universais herdeiros as ditas suas filhas, Dona Ana e Dona Margarida, de todos os seus bens móveis e de raiz havidos e por haver presentes e futuros...
As ditas suas herdeiras instituídas serão obrigadas a sustentar, vestir e calçar e ter na sua companhia o seu irmão Padre António..."
Que deixava a seu filho, padre António, por esmola, os rendimentos da sua propriedade no sítio do Maricoto"
Diz, ainda que se as filhas não quisessem aceitar a herança e condições, nomeava seu universal herdeiro o afilhado e sobrinho Gaspar Joaquim do Carmo.

       
                                                                                             
                                                                   

AINDA HÁ BARBOSAS EM BUJÕES?

Evidentemente que SIM!
Porém, não podemos ler esta página, sem antes ou depois lermos a página da edição 2 do Blogue - OS BOTELHO- Um Percurso Singular.
Nessa página dos Botelho poder-se-á concluir que Botelhos e Barbosas andaram sempre juntos e que os apelidos em causa ou faziam parte do mesmo nome ou ora se usava um ou se usava o outro. É verdade também que quer um apelido - Botelho-, quer o outro -Barbosa-, quando se separaram e passaram a fazer parte cada um de sua família, ambos surgiram de mães solteiras e humildes, sinal que a grandeza das pessoas nada tem a ver com o facto de possuir muitas terras, como era o caso dos Barbosa, nem como ter origem em sangue nobre, como era o caso dos Botelho. No fim, ambos tiveram o mesmo destino, porquanto se envolveram em disputas por causa das heranças ou contraíram dívidas que foram executadas e lá se foram as terras...
Deixemos isso que são coisas do passado e tão comuns neste mundo e vejamos as coisas pelo lado positivo.
Por mais incrível que pareça, o mundo está cheio de Barbosas, e em todos os países se encontram gentes com esse apelido e até como nome próprio. Dizem que Barbosa significa lugar onde há muitas árvores, e não restam dúvidas que contando apenas com os  que nasceram ou estiveram ligados a Bujões, as árvores transformar-se-iam numa floresta, num amazonas sem fim.
Com efeito, desde aqueles antigos tempos que acima descrevemos, em que Gonçalo Roiz Barboza, certamente nascido em Bujões, e que ali casou com Cecília Lopes no dia 9 de Janeiro do ano de 1594, constituindo a família comprovadamente mais antiga da aldeia, desde que consideremos apenas os que foram registados nos livros paroquias da Igreja de São Pedro de Abaças, que o apelido BARBOSA já existia há muito e se espalhou como se fosse vento e por diversos sítios.
Por outro lado, se analisarmos na página dos Botelho a vida  e os descendentes de Ignácio Botelho da Silva de Barbosa e Souza, vamos entrar em confusão total de apelidos, pois uns ficavam com o último apelido de Barbosa e outros de Botelho.
Porém, uma coisa é certa: Foram duas mulheres   de apelido Botelho/Barbosa, Cândida Narciza do Nascimento Botelho Barbosa e Dona Maria do Carmo Botelho Barbosa, mães solteiras, quem deram origem aos dois ramos dos Botelho de Bujões- o de Vicente Botelho e o de Manuel Botelho, sendo este avô da geração de Botelhos de que só já resta o Dr. Germano Correia Botelho, vivendo atualmente no Luxemburgo, com 94 anos!
Por fim, para quem se interessar por histórias bonitas, aqui deixamos uma ligada aos Barbosa para que vejam que um só casamento em Bujões, deu aso a uma multiplicação de Barbosas que prossegue até aos nossos dias. Este é, sem dúvida o ramo pobre da árvore dos Barbosa e esses, sim, são os verdadeiros bujoenses que enobrecem a árvore barbosiana que ali continua a crescer.  
Vejamos:



Este registo de casamento diz-nos que António Barbosa, do lugar de Bujões, filho natural de Maria José, da vila de Canelas, casou em 30/3/1825 com Maria Joaquina, que também usava o nome de Maria Amália, filha legitima de José António e Anna Joaquina, todos do lugar de Bujões.
Portanto, António Barbosa era filho de pai incógnito e ninguém sabe se a mãe, solteira, natural de Canelas, tinha o apelido Barbosa (em Canelas havia muitos) ou se António Barbosa usava o apelido daquele que não o legitimou como filho e que tanto poderia ser de Canelas, como de Bujões, ou como sabe-se lá de onde.


Bujões- 13/1/1834 -Óbito de ANTÓNIO BARBOSA, casado, com o sacramento da unção, mas sem se poder confessar. Não fez testamento porque era pobre.


O RENASCER DOS BARBOSA

Quando casou em Bujões em 30 de Março de 1825, sem sequer ter direito a usar o nome do pai, porque era filho de mãe solteira, mal imaginaria António Barbosa, casado com Maria Joaquina ou Maria Amália, que não só não iria assistir ao casamento de quatro dos seus filhos, dois rapazes e duas raparigas, como iria com sua mulher dar alma à árvore dos Barbosa e transmitir sangue novo a uma família que sendo poderosa e rica no passado da nossa aldeia, acabou por quase se extinguir. De facto, fazendo o seu trabalho mesmo antes do casamento, porque era hábito dos Barbosa nunca ocupar uma casa sem a mobilar primeiro, a verdade é que, infelizmente, o António morreu jovem, pobre, deixando uma viúva com  6 crianças, merecendo esta ser considerada na história da família, como mãe exemplar  de todos os Barbosa !!!
Com efeito, não só casou numa data em que  já era mãe de dois filhos (Bento e José), frutos da sua ligação com o António Barbosa, gostando este de se meter em caminhos apertados, como ainda apareceu no dia do casamento com uma barriga de 6 meses, esperando a filha Maria, nascida em 3/6/1825! 
E quatro deles viriam a casar em Bujões, como comprovam os documentos abaixo:




Pelos quatro registos de casamento acima, ficamos a saber que Bento Barbosa, é filho legitimo de António Barbosa e casou em 6/7/1846, com Dona Amância do Carmo e que seu irmão José Barbosa casou em 9/12/1847 com Maria Alves. Por fim, das duas irmãs, Maria Barbosa, casou em 2/7/1851  com António dos Santos Novo e Rosa de Jesus Barbosa casou em 9/12/1852 com Francisco Alves Caetano.
Seguiu-se dessa série de casamentos, o consequente nascimento de novos Barbosa, num rodopio sem fim... uma vez que após o casamento seguia-se o nascimento de filhos e, passados anos, a realização de novos casamentos ... e  assim sucessivamente, até hoje. Vejam alguns exemplos:
                                   
30/3/1825 - Casamento de António Barbosa, filho de Maria José que também usava o nome de Maria Messias, solteira, natural de Canelas, com Maria Joaquina, de Bujões, que usava também o nome de Maria Amália.

6/7/1846 - Bento Barbosa, filho de António Barbosa,  casou com Dona Amância do Carmo

9/12/1847 -  José Barbosa, filho de António Barbosa, casou com Maria Alves

2/7/1851 - Maria Barbosa, filha de António Barbosa, casou com António dos Santos Novo

9/11/1852 - Rosa de Jesus Barbosa, filha de António Barbosa, casou com Francisco Alves Caetano

26/10/1868- Joaquim Barbosa, filho de Bento Barbosa, casou com Josefina de Sousa
27/5/1876 - Gaspar Barbosa, filho de Bento Barbosa, casou com Bernarda Júlia
10/7/1878 - Diogo Barbosa, filho de Bento Barbosa, casou com Maria de Jesus

6/6/1881 - Inácio dos Santos Barbosa, filho de  Maria Barbosa/  casou com Maria Leopoldina
23/8/1884 - Manuel dos Santos Barbosa, filho de  Maria Barbosa/ casou com Maria Jesus Oliveira
16/03/1885- António dos Santos Barbosa, filho de Maria Barbosa / casou  com Engrácia de Jesus Messias
26/01/1905- António dos Santos Barbosa, viúvo, filho de Maria Barbosa, casou com Rosa Moreira

12/4/1877- Joana Alves Barbosa, filha de Rosa de Jesus Barbosa, casou com José Maria Cardeal
15/4/1880 - Manuel Barbosa, filho de Rosa de Jesus Barbosa, casou com Maria dos Santos

14/11/1895- Gaspar Barbosa, filho de Joaquim Barbosa/ casou com Maria de Jesus Alves
10/12/1900- Diogo Barbosa, filho de Joaquim Barbosa / casou com Maria da Conceição Cardeal
25/04/1908- João Barbosa, filho de Joaquim Barbosa / casou com  Felicidade Rosa
09/12/1909- Columbano Barbosa, filho de Joaquim Barbosa e Josefina de Sousa / casou com Cândida do Carmo Botelho

16/09/1906- Teresa Barbosa, filha de José Maria Cardeal e Joana Alves Barbosa, casou com Abílio Messias


Claro que ainda falta referir muitos nascimentos e casamentos dos Barbosa, uns que estão em Bujões, outros no Brasil e em muitos mais lugares. Mas para este blogue só interessa dar ao conhecimento aqueles que viveram há mais de um século atrás, porque não faltará no futuro quem dê seguimento a este exaustivo trabalho.

Nota: Aqui fica o nome de alguns dos Barbosa que emigraram para o Brasil, onde vários deles deixaram continuadores dessa árvore imensa que se interliga com a sua aldeia natal-Bujões. Haverá mais, certamente, mas é só reclamar que eu acrescento.

1880 - Gaspar Barbosa
1884 - Teresa Barbosa
1885 - Diogo Barbosa, Manuel Barbosa, Margarida Barbosa
1903 - Columbano Barbosa
1908 - João Barbosa
1909 - José dos Santos Barbosa
1909 - António Barbosa
1911  - Domingos dos Santos Barbosa
1914 - Manuel dos Santos Barbosa
1921 - José Barbosa
1922 - Maria de Jesus Barbosa
1950 - Joaquim Barbosa
1951 - Manuel Barbosa
1959 - Fernanda Maria Botelho Barbosa
1961 - Manuel Esteves Barbosa
1967 - Maria das Dores Botelho Barbosa
1968 - Glória da Silva Barbosa



JVPaula
Agosto de 2012

3 comentários:

  1. Magnífico ! Estou encantada com tudo o que fiquei a saber com respeito aos meus antepassados , afinal ´também sou Barbosa por veia de meu avô materno.

    Muito bom mesmo ! Parabéns

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  2. Como é bom saber da nossa história dos nossos antepassados , eu sou Botelho mas também tenho sangue Barbosa por parte de meu avô materno .

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  3. Parabéns ! Adoro ler , sempre fico curiosa para saber mais sobre nossos antepassados !

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