MANUEL DE ARAUJO-UM SORRISO ENCANTADOR!







DIA DE JÚBILO!
MANUEL DE ARAÚJO nasceu em Bujões aos oito de Janeiro de 1940, sendo filho de Francisco dos Santos Araújo e Etelvina da Conceição Guedes, neto paterno de Alexandre de Araújo e Rosa dos Santos e neto materno de João Guedes e Ana da Conceição.
Seus pais haviam casado no Posto do Registo Civil de Abaças, em 25 de Março de 1919.
Francisco dos Santos Araújo nasceu em Bujões em 29 de Maio de 1893, sendo filho de Alexandre de Araújo e de Rosa dos Santos, ambos daquela aldeia, neto paterno de António de Araújo e Ana Joaquina e materno de António Peras e Ana dos Santos.
Etelvina da Conceição Guedes é natural de S. Miguel de Lobrigos, onde nasceu aos 24 de Setembro de 1898, sendo filha de João Guedes e Ana da Conceição, dali naturais, neta paterna de José Guedes e Ana de Jesus e materna de José Bento e Josefa Bernarda.
Quando MANUEL nasceu, estava um dia frio de Inverno, mas a alegria estampada no rosto do pai, o tio Francisco Grande, como era conhecido, e de sua mulher, a tia Etelvina, era imensa!
E não era para menos!
Com efeito, Manuel, o rapaz que acabara de nascer, interrompia o ciclo de quatro nascimentos femininos! 

Registo de nascimento do Manuel


 



AS IRMÃS DE MANUEL
Quando nasceu em 1940, Manuel já tinha três irmãs crescidas, como se poderá constatar:
 
 
 Maria Celestina de Araújo, nascida em 17 de Fevereiro de 1921.



Maria Celestina viveu muitos anos no Rio de Janeiro, onde acabaria
por falecer em 13 de Abril de 1979

 
Guiomar de Araújo, nascida em 3 de Novembro de 1925.
 
Guiomar de Araújo, viveu em Bujões e Lisboa, onde faleceu em 9 /1/1979.



Eufémia de Araújo, nascida em 1927.
Dois anos após ter nascido, faleceu em 1929 aquela que viria a ser o primeiro anjo da família de Francisco e Etelvina.
Apesar de inconsolados por tal perda, os pais desde logo decidiram que se nascesse outra filha ela viria a ter o mesmo nome daquela que partira, em homenagem a Santa Eufémia, cujo santuário, ali para os lados de Parada do Bispo-Armamar, lhes enchia o coração de fé. E assim aconteceu!

 
Santuário de Santa Eufémia

Eufémia de Araújo, nascida em 2 de Outubro de 1931


Eufémia de Araújo, viveu muitos anos em Lisboa, onde faleceu em 1/5/1982 
 


 


OS CASTANHEIROS DO CARVALHO
Naquele dia 8 de Janeiro de 1940, uma segunda-feira, a Europa encontrava-se em plena 2ª guerra mundial e o grau de pobreza das gentes de Bujões, como em todo o lado, era enorme, porque tudo então era escasso.
E aquele casal bondoso do tio Francisco Grande e tia Etelvina desejavam tanto aquele filho, que nem se preocuparam com mais uma boca para alimentar.
O secular castanheiro existente ali mesmo por detrás da sua humilde casa, no Carvalho, bem no cimo do povo, onde bifurcava o caminho para Abaças, já não tinha castanhas a pingar dos seus inúmeros ouriços, mas abanava fortemente dobrado sob o vento frio que se fazia sentir, mais agreste ainda porque o Marão se encontrava coberto de branco e de nuvens negras ameaçadoras. Também ele, tão grande castanheiro, que para levar um abraço eram precisos vários homens, parecia sorrir satisfeito pelo nascimento de um lindo menino ao homem que todos os dias o olhava e que pela sua altura e longos braços nem precisava de escada para lhe varejar as castanhas.
E um outro castanheiro, cujas pernadas se estendiam sobre o velho telhado da casa do tio Francisco Grande, parecia tristonho por já não poder saudar o feliz pai deixando cair em cima das telhas um punhado grande de castanhas, como era habitual fazer na época em que estava carregadinho de ouriços, que se abriam em sorriso, desprendendo-se em magotes e interrompendo o sono daquele casal vizinho que, mesmo assim, guardava imensa admiração por tão seculares e respeitáveis árvores. Era um cenário de contradição porque a alegria no interior da casa contrastava com o vento, frio e chuva no exterior, mais se concentrando as atenções naquele menino lindo acabado de
nascer, para contentamento de Etelvina e Francisco.
 

De facto, o tio Francisco Grande, era irmão do Manuel dos Santos Araújo, mais conhecido como tio Manuel da Rosa e também da tia Maria da Conceição ou Maria Grande, bem como da tia Ana Soqueira, e tinha uma altura de quase 2 metros, pouco comum naquela época em que nasceu, aos 29 do mês de Maio de 1893.
Era o homem mais alto da freguesia!
Alto como um castanheiro, bom como as castanhas daqueles saudosas árvores que eram suas vizinhas e que não existem mais!

 
CANSAÇO E ESPERANÇA 
Enquanto o Manuel, acabado de nascer, dormia tranquilo embrulhado no meio das mantas que o protegiam do frio, o pai admirava as três filhas, olhando-as com ternura, no meio daquela pobreza e míngua tão comum na aldeia e a que só muito poucos escapavam.
E sentado num pequeno banco, já desgastado pelo tempo, pensava no que iria ser da vida daquele menino, acabado de nascer.
Meio adormecido pela noite de nervos que passara ao ver a mulher debater-se com as dores do parto, Francisco Grande voltou o seu pensamento para os tempos em que, também ele, nascera num dia esplendoroso de primavera.
Seus pais – Alexandre de Araújo e Rosa dos Santos – devem ter tido o mesmo pensamento, e nunca lhes terá passado pela cabeça, ao ver crescer o filho, muito mais do que os outros, que ali estaria um trabalhador imérito na abertura de poços e de minas para captação de água.
Trabalho duro, duríssimo, pensava. E como tal profissão era além do mais perigosa e cansativa, porque tudo era feito à mão e apenas com a ajuda do ferro e picareta, bendita era a força enorme dos seus braços que só descansavam quando chovia, como naquele dia, pois havia sempre trabalho nos bocaditos de terras que lhe pertenciam e onde colhia uvas para encher um tonel, situado num canto daquela humilde casa, de chão térreo e com dois pequenos quartos onde se encontravam pouco mais do que duas velhas camas de ferro.
E quase sempre agachado ou com o corpo todo curvado nos túneis ou buracos que escavava, ou subindo por escadas artesanais feitas de madeira, através das quais, lá das profundezas da terra, subia carregando nas costas quantidades imensas de terras, pedras e lamas, assim era a sua labuta diária. 
Além do mais, quando encontrava o precioso líquido, os pés ficavam descalços, enlameados, e gelados pelo contacto com a água fria, calças enroladas nas pernas, cena final patética de uma obra só ao alcance de homens fortes e destemidos.
E, caindo-lhe a cabeça sobre as longas pernas dobradas, logo encheu o coração de esperança acreditando que aquilo não seria vida para o seu menino, o Manuel, e adormeceu…
Mas logo foi desperto pelo seu choro, já a reclamar pelo leite materno, e pelos comentários das filhas que exultavam com a novidade, contentes por ter nascido um rapaz, bem gordinho e tão lindo.  
Mas esses tempos de criança, sempre mais acompanhado pela irmã Eufémia, que o escarranchava às costas e se divertia com as suas risadas, passaram rápido, e logo veio a escola, que nem o pai, nem a mãe, nem as irmãs frequentaram.
Para ele, contudo, ir á escola e aprender a ler e escrever já era um grande avanço, sendo reconhecido pelo seu caracter folgazão, simpático, educado, simples, alegre, e bem alto, mas não tanto como o pai!

 

 
E CHEGOU O TRABALHO 
Aos poucos, tal como as irmãs, o Manuel lá ia ajudando o pai no amanho das terras, usando a enxada ou enxadão, conforme as necessidades.
De facto, logo que ultrapassada a fase de criança e a frequência da Escola, em que um mundo novo se depara sempre perante os olhos de todos, já o vemos envolto nos seus sonhos e fantasias despertando as primeiras paixões e realizando os primeiros trabalhos que lhe permitiam ajudar aqueles pais maravilhosos que tanto estimava.
De facto, a sua maior ambição era a de ajudar aquele pai tão amigo e orgulhoso dele, tão penosa era a sua vida que decorria em Bujões e em todas as aldeias em redor.
Ninguém imagina como tal tarefa era perigosa e de inaudita dureza.
Apesar disso, seu pai, mesmo cansado e até esgotado por trabalho tão duro, ainda tinha forças para ir à noite, desde lá do cimo do povo, onde morava, até ao fundo, antes da fonte, ouvir a tia Clotilde ler aquelas histórias lindas de romances que ficaram na história.
E o Manuel, já crescido, um rapagão, fervilhava em ideias para encontrar um caminho que não aquele que o pai seguira, mas que também não se afigurava fácil descobrir. Havia tanta falta de trabalho!
A atracão pelo campo não era muita, mas de início houve que agarrar na enxada e, com ela, nas suas mãos fortes, quer em Bujões, quer nas quintas em redor, ganhar os primeiros tostões e com isso melhorar um nadinha as dificuldades caseiras.
Sua irmã Guiomar tivera um percalço que fez amargurar de início a vida dos pais, mas foi em frente. Mais tarde encontrou um companheiro, José de Sousa Santos, mais conhecido por José Carneiro, com quem casou em 25 de Setembro de 1965 e sempre foi uma pessoa respeitada e querida pela sua inegável simpatia. Além disso, era imenso o amor pelo seu Fernando, filho querido de quem sempre cuidou de cabeça levantada, assumindo uma responsabilidade sozinha, quando deveria ser partilhada. Mas era o mundo daqueles tempos! Agora tudo é diferente!
A Maria Celestina, 5 anos após o Manuel nascer, contraiu matrimónio com o Caetano Ribeiro Fernandes, de Vila Seca de Poiares, em 19 de Agosto de 1945 e, anos mais tarde, ambos emigraram para o Brasil.
Já a Eufémia, a mais jovem, casou em 18 de Outubro de 1952 com José dos Santos Cardeal e espalharam as suas raízes por Lisboa e diferentes sítios. As três, bem como ele, Manuel, constituíram vários ramos da árvore imensa dos Araújos, com raízes de qualidade!

 
 
UM DIA TRISTE
A casa do cimo do povo foi-se esvaziando com o casamento daquelas duas filhas. Entretanto, o tio Francisco Grande, um gigante no trabalho, começou a apresentar sintomas de doença, chegando ao ponto de já nem conseguir endireitar o corpo.
Deitado na sua cama, e com a presença empenhada e carinhosa da tia Etelvina, sua mulher, ainda demonstrou quanto era mesmo um homem grande, digamos antes um grande homem, ao enfrentar esses últimos dias de vida com uma serenidade e uma paz interior que até o então Padre Germano, que o visitou, diz nunca ter visto coisa igual.
Ele, Francisco Grande, grande na altura, grande no trabalho, grande como marido e como pai e avô, quis também demonstrar essa grandeza nos últimos dias da sua vida sofrida.
E no dia 7 de Maio de 1957, tinha o Manuel apenas 17 anos, lá partiu sereno ao encontro do Céu, onde as águas brotam livremente.
Este homem bom, um bujoense que merece ser lembrado não porque era mais alto que todos e via as coisas mais acima do que os outros, mas sim porque ele mesmo, naquela profissão dura, ajudou a que muitos seres matassem a sede, que tantos campos de batata e legumes fossem regados, que tantas árvores e flores crescessem saciadas, num esforço que só valeu apena porque no fim da sua última viagem encontrou não água pura e cristalina como a da fonte de Bujões, mas sim o seu Anjo protetor, a filha Eufémia que falecera com apenas dois anos.



UM NATAL PREOCUPANTE
Depois de se despedir do pai, de quem tanto gostava, o Manuel, magro e esguio, que já então era um homem atraente e que despertava paixões nas moças de Bujões e de outras aldeias ou quintas por onde trabalhava, decidiu partir em busca de uma vida melhor, ao encontro da sorte.
Trabalhou no Porto na construção de estradas, pontes, nas linhas do comboio, de trolha, onde calhava, e em trabalhos duríssimos, nunca fraquejando, pois era forte como o pai.
Um dia decidiu rumar a Lisboa e foi trabalhar na construção civil e no ferro velho sendo acolhido por sua irmã Celestina, antes de esta decidir emigrar para o Brasil e teve também o apoio do seu cunhado José Cardeal, um amigo que nunca esqueceu.
Mas quando se meteu em avanços com uma moça de pouco mais de 16 anos, as leis de então obrigavam a que tivesse de casar, ou então ser condenado a prisão. Ainda tentou adiar o inevitável, mas foi detido e transferido de Lisboa para Vila Real, onde a pobre mãe, desesperada, o veio a encontrar depois de se deslocar à capital para o instar a assumir aquele ato, fossem quais fossem as consequências, pois não queria que ele fizesse o mesmo que haviam feito à filha.
E assim, o Manuel de Araújo, em 26 de Dezembro de 1958, com 18 anos, e Maria Ester Poiares, com 17 anos, casaram. Dessa união nasceu uma filha linda, em 22 de Outubro de 1959, com o nome de Maria de Lurdes Poiares de Araújo.
Veio a este mundo no Hospital de Vila  Real, mas não deixa de ser  uma bujoense, tal como o pai.



Numa festa em Bujões aos 17 anos.  E dizem que não era tão alto como o pai!




 
A HISTÓRIA RECOMEÇA…
Sendo ambos ainda tão jovens, difícil seria acreditar que tal união tivesse um fim feliz, muito embora se esforçassem nas suas tarefas e retomassem os sonhos, tendo o Manuel emigrado para o Brasil logo no início dos anos sessenta, antes do começo da guerra colonial, em busca de uma vida que lhe permitisse juntar a família, precocemente iniciada.
Mas um acontecimento imprevisto, tão banal nos dias de hoje, acabou mesmo por deitar tudo a perder, sem hipóteses, então, de se evitar o pior. E assim foi.
De facto, longe da vista e do coração, ambos percorreram o seu caminho e porque a vida é feita de altos e baixos, cada um, por si, com maior ou menor dificuldade, ultrapassaram o problema e, de novo ao leme das suas vidas, seguiram em frente porque nada há de mais reconfortante para o ser humano do que aprender com os erros, sem complexos!
E seja qual for o juízo que se queira fazer, achamos que nunca deverá ser esquecida a célebre frase de Jesus Cristo: “aquele ou aquela que estiver sem pecado, que atire a primeira pedra!”
Adiante… 



NO RIO DE JANEIRO
Na terra do samba, naquele paraíso imenso de beleza que é o Rio de Janeiro, o Manuel mesmo com algum apoio da irmã e cunhado não tinha vida fácil, nem as notícias de Portugal ajudaram em nada. Continuou a sua luta, trabalhando em hotéis, sempre com contrato precário e ordenados baixos, pois só tinha a 4ª classe. Quantas dificuldades venceu, quantas angústias vividas, mas sempre aquele rosto de simpatia e um sorriso encantador e aberto que nunca o abandonavam.
Um dia, no ano de 1961, cruzou olhares com uma jovem portuguesa emigrante, como ele, de nome Antónia Lopes Teixeira, transmontana, vizinha de Bujões, nascida em 14 de Abril de 1940 no lugar da Estrada, filha de Francisco Teixeira e Zélia Lopes Teixeira, naturais de Vila Seca de Poiares.
E eis que, de novo, Manuel de Araújo reencontrou a felicidade perdida ao lado de uma companheira ainda jovem, da sua idade, mas com maturidade suficiente para assumir o espaço que faltava no coração daquele bujoense.
Mas o que contava, acima de tudo, era o facto de ambos estarem dispostos a unir esforços para construírem uma nova vida, uma vida melhor!



Antónia Lopes Teixeira, o reencontro com a felicidade ao lado de Manuel Araújo, desde 1961, até partir para sempre, em 1987, com
46 anos.



E mesmo no meio de tanta dificuldade, logo surgiu uma linda menina para lhes encher o coração de felicidade.
Ela nasceu em 8 de Outubro de 1963, uma terça-feira, e deram-lhe o nome de Zélia Luiza Lopes de Araújo.
E como lhes pareceu que ainda havia amor suficiente para partilhar a vida com mais alguém, logo passados alguns meses, em 28 de Agosto de 1964, um sábado, nasceu o Francisco Cláudio Lopes de Araújo, um rapagão!


Os dois irmãos juntos, quando receberam a primeira bicicleta no Natal. Tinham sete e oito anos.
                              
  Zélia Luiza e Francisco Cláudio, brincando com o pai, no Rio de Janeiro
 
UM POUCO DE SORTE
Um dia, alguém lá do Alto reparou na vida difícil e esforçada do Manuel e de Antónia. E, merecidamente, ele foi contactado por uma boa Senhora, a advogada Dra. Alexandrina, que o convidou para porteiro de um prédio em Copacabana, na Rua Sousa Lima 385, prédio esse com 10 andares e 20 apartamentos. Cabia-lhe, a ele, zelar por tudo o que respeitasse à gestão do edifício, cobranças, limpeza, arranjo de equipamentos, lavagem e estacionamento de automóveis, bem como tudo o que fosse necessário, enquanto Antónia, a mulher, cozinhava, tratava da roupa de alguns dos residentes ou para quem precisasse.
Além de serem humildes, honestos e educados, dons muito apreciados por todos, vontade para trabalhar também não faltava. E, dessa forma, conseguiram dar uma guinada positiva na vida, graças a Deus, que por eles intercedeu através daquela boa advogada.
E não a esqueceram e sempre lhe demonstraram gratidão, bem como a todos aqueles que os ajudaram.
 



Neste local, o Manuel, a Antónia e  filhos sentiram-se recompensados por tanto esforço e sacrifício.


OS FILHOS E NETOS CRESCERAM!
O mundo e a vida não param e os filhos de Manuel e Antónia cresceram rápido, logo casaram e, num ápice, nasceram os netos, alegria redobrada quer lá, quer deste lado do Atlântico. Que belos presentes para todos!



Zélia Luiza e o irmão Francisco Cláudio. Os nomes são uma homenagem à avó materna e avô paterno.



Como foguetes a caminho do espaço, os netos de Manuel Araújo e Antónia cresceram de modo  tão rápido que não tardará muito que já sejam os pais a ser avós! Duvidam? Pois até já acontece!

 Iuri, filho de Zélia Luíza, neto de Manuel de Araújo e Antónia Lopes Teixeira.

 

Os dois filhos de Francisco Cláudio Lopes Araújo- Diogo Cláudio Correia de Araújo e Francisco Daniel Correia de Araújo, netos de Manuel de Araújo e Antónia Lopes Teixeira.
 


Francisco Cláudio, filho de Manuel de Araújo e Antónia Lopes Teixeira




SEIVA DA MESMA PLANTA!
Mesmo que a vida separe as pessoas, a seiva que circula nas raízes, troncos e ramos das árvores que crescem com o contributo dos corações de cada um, dão frutos cada vez mais saborosos e diferentes, mas todos eles bons e todos com novas sementes, para que um atrás dos outros alimentem esta roda imparável da vida em que todos estamos envolvidos.
E note-se, que lindo é olhar hoje para estas fotos e o significado que comportam. Parabéns à grande família, família que é bem grande!



ROSA, a 1ª neta de Manuel de Araújo e de Maria Ester Poiares, na companhia de seu filho Francisco, o primeiro bisneto de Manuel e Ester, no dia da primeira comunhão! ROSA é filha de Maria de Lurdes Poiares de Araújo.



PAULO, filho de Maria de Lurdes Poiares de Araújo, 2º neto de Manuel de Araújo e de Maria Ester Poiares.




AO ENCONTRO DE FRANCISCO
Decorria a madrugada do dia 28 de Abril de 1966 quando tomou a decisão de partir ao encontro do seu Francisco, a tia Etelvina da Conceição. Que pessoa serena e bondosa era a tia Etelvina.
Sempre vestida de negro, desde que o marido falecera em 1957, sentiu que cumprira plenamente a sua missão neste mundo e que estava na hora de voltar para junto daquele com quem partilhara a vida terrena e do seu anjo, a pequenina Eufémia.
E enquanto neste mundo o filho e as filhas choravam de tristeza, bem como a restante família, lá no alto o reencontro foi emocionante, sob o sorriso e bênção de Deus.




QUE VOLTE A ALEGRIA!
Em plena Copacabana e por aquelas ruas que desembocam na famosa praia do Rio, uma figura simples, um formoso bujoense, constantemente era confundido com o célebre ator brasileiro, Tarcísio Meira.
Este era tão parecido com o Manuel, e já não o contrário, que até lhe pediam autógrafos, fotos e beijos, sob o olhar atento da esposa que não achava piada nenhuma!
Ora gaita! Quem é que não gostaria de saber que era tão bonitão como aquele famoso galã de telenovela?
Que culpa tinha ele de ser olhado pelas cariocas de um jeito que o deixavam desconcertado só porque era alto, bem-parecido e uma cópia do Tarcísio Meira?
O problema é que chegado a casa, ouvia uns bons raspanetes e refugiava-se na brincadeira com a filha e o filho, rindo-se que nem um perdido, mesmo sem motivo para isso. Ria por rir. Ele era assim mesmo, desconcertante, sempre disponível para levar alegria aos que o rodeavam e todo o apoio que fosse preciso, tal como a esposa que, não gostando nada das suas parecenças com aquele artista, é certo, estava sempre pronta, a seu lado, para ajudar quem necessitasse, pese embora as dificuldades. Eram assim o Manuel e a Antónia, dois corações num só!
E como todos os que emigram, quando roídos pela saudade, o pensamento é sempre o mesmo – um dia voltaremos! E voltaram!




O REGRESSO


A família ao balcão do Café, em Ermesinde



Não é preciso gastar muitas palavras para dizer que uma mudança da cidade do Rio de Janeiro para as cercanias da cidade do Porto iria trazer alguns problemas à simpática família Araújo.
A vontade de regressar foi maior que tudo, mas a adaptação a uma vida nova, a novas gentes, a familiares e amigos, é sempre um caminho que deixa marcas, umas positivas e outras negativas. Só o Café que abriram em Ermesinde daria história para um romance. Louvemos, por isso, estes dois vizinhos, de Bujões e da Estrada, que em plena pujança da idade, e na companhia dos dois filhos, vieram ao encontro de um novo recomeço, dispostos a nova onda de sacrifícios e riscos que um negócio sempre comporta.
Mas por muitas desilusões que surgissem, maior desgosto não podia surgir que aquele que levou para sempre deste mundo, em 1987, a Antónia Lopes Teixeira, tão jovem e ainda em plena luta ao lado do seu Manuel e de seus filhos, que tanto amava.
E assim, desde aquele fatídico dia 14 de Junho de 1987, um domingo, com apenas 46 anos de idade, a vida de Manuel e seus filhos perdeu a luz que lhes iluminava o caminho e, por momentos, sentiram o desespero invadir-lhes a alma!




UM FIM IMPREVISTO
Abreviemos. A vida continuou, porque o mundo gira sempre sem parar. E no ocaso da vida qualquer pequeno gesto de carinho e apoio são vitaminas que reforçam o coração!
A Zélia acarinhou e apoiou o pai desde sempre, e não foi a única, mas houve particular atenção após o óbito da mãe e nos tempos que se seguiram. Mas ainda decorreriam muitos anos em que Manuel de Araújo, na condição de viúvo, continuou o seu combate, até que, irreversível, surgiu uma doença que o debilitou e o fez sofrer e aos que o amavam.
E surgiu o imprevisto. Como uma ave que voa perdida ao encontro do ninho, sem descobrir onde este se encontra, também ele, Manuel, inconstante na busca de paz e tranquilidade, decidiu regressar ao Rio e ali encontrou Margarida, a última companheira, a flor que lhe doou imenso carinho, amor e espirito de fraternidade, sempre a seu lado naqueles momentos finais, desfrutando daquele sorriso encantador e chorando emocionada quando o acompanhou à sua última morada, no dia 10 de Fevereiro de 2011, 5ª feira.
Manuel de Araújo, com 71 anos de idade, partiu para o Além e logo reencontrou sua mulher, seus pais e avós e outros familiares, muitos e muitos amigos e alguns curiosos que logo lhe perguntaram se ele não era o famoso Tarcísio Meira! Uma gargalhada geral e logo a pronta resposta – Aqui não dou autógrafos!
E olhando para o pai, o tio Francisco Grande retomou a conversa:
- Oh pai, olha que este castanheiro aqui está carregadinho de castanhas, bem melhores que aquelas que estavam por cima da nossa casa de Bujões!
- Não me fales em castanhas, filho, que nem me deixavam dormir, sempre a cair dos ouriços em cima das telhas e eu tão cansado…ainda se caíssem já assadas ou cozidas, como aqui!
- Belos tempos, pai...Realmente as castanhas são melhores, mas o vinho do nosso tonel não ficava atrás deste que aqui bebemos!

E lá continuaram a conversar...







Zélia Araújo, filha de Manuel de Araújo e de Antónia Lopes Teixeira.








Manuel de Araújo, o bujoense do sorriso encantador, já na 3ª idade, mas ainda com aparência de galã! Não usava bigode para não o confundirem com o Tarcísio Meira!







Tarcísio Meira, teve de deixar crescer o bigode para não o confundirem com o Manuel de Araújo.





QUADRO FINAL DE BELEZA!
Voltando às coisas reais da vida, relembremos nestas três fotos finais um quadro de ímpar beleza e significado. A menina tão linda a quem deram o nome de Maria de Lurdes, bujoense, aqui fotografada sorrindo para a Mãe, Maria Ester Poiares, que de certo lhe acenava e a olhava embevecida, demonstrando, afinal, quanta ternura e amor tinha dentro de si. Uma mãe é sempre uma mãe! Ela que recentemente partiu, que descanse em paz!





Maria de Lurdes Poiares de Araújo, ontem uma menina.



Hoje,  uma avó orgulhosa








FRANCISCO, 1º bisneto de Manuel de Araújo.


A família continua, a árvore rejuvenesce!

Outros se seguirão! Com gente deste calibre o mundo será certamente um lugar cada vez melhor.







 
 JVPaula


Novembro de 2012


 

8 comentários:

  1. Gostei imenso de conhecer um pouco da vida do meu Avô Manuel de Araujo... Neta Rosa Ribeiro

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  2. Este Manuel será da família Ribeiro Araújo? Isabel Figueiredo

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    1. Não, Sra, Dra. Isabel Figueiredo, não é familiar da família Ribeiro de Araujo, mas sim de uma outra família Araujo, sendo aqui referidos; o avô de Manuel de Araújo,(Alexandre de Araújo) o pai de Manuel de Araujo (Francisco dos Santos Araújo) os filhos de Manuel de Araujo, netos e um bisneto! E até falamos nos irmãos do pai do Manuel de Araujo...
      Todos eles apresentavam e apresentam uma caracteristica fisica destacando-se na altura- daí a alcunha de GRANDE - que justamente ganharam porque essa grandeza não era só fisica, era também na bondade... gente simples, mas de coração bondoso, eram e continuam assim estes ARAUJOS, sem desmerecimento para outros Araujo que fazem parte da história da nossa aldeia. Ou seja, Bujões já teve o seu Alexandre o Grande, tal como na antiguidade existiu esse célebre e mítico conquistador de inúmeras batalhas. Só que este de Bujões em vez da espada, usava a enxada!...mas também deixou descendentes que foram grandes guerreiros!

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  3. Obrigada pela informação.Pensei que poderia agregar estes Araújos na história da Família , o que seria uma honra.

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  4. Magnífico esse trabalho JVP Parabéns !!!!!!

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  5. CONHECI O SR. MANUEL E D. ANTONIA ASSIM COMO A ZELINHA E O CLAUDIO SEUS FILHOS AQUI NO BRASIL. TRABALHADORES, HONESTOS E DE UMA BONDADE SEM IGUAL, A PORTA DA SUA CASA ESTAVA ABERTA PARA AJUDAR QUEM PRECISAS-SE.MERECEM ESTA HOMENAGEM TÃO BONITA.PARABENS!!!!.

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  7. Parabéns,J.P.Ventura pelo excelente trabalho gostei muito de ver meu tio Manuel Araújo ,minhas tias Celestina.,Eufemia e Antonia minha querida mãe Guiomar mais restante família um agradecimento especial à minha prima Zélia Araújo pela colaboração, É de louvar um trabalho deste ,não só nas grandes capitais existem pessoas com talento naquela aldeia que dá p,lo nome de Bujoes também existem,!é obvio que me estou a referir a J. P.Ventura estou convicto que o povo bujoense se lembre deste trabalho excelente como tantos outros publicados de gente boa que infelizmente já partiram e também gente boa que felizmente cá vai andando. VIVA BUJOES Bem haja j.p.Ventura um abraço amigo Fernando Araújo

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