Havia dúvidas se a Capela que já existiu em Bujões no Largo do Seixo era ou não a Capela de Nossa Senhora da Conceição, ou era antes a de Nossa Senhora do Carmo. Pois bem, após pesquisas efetuadas encontrámos finalmente o título da instituição da Capela de Nossa Senhora da Conceição, do lugar de Bujões.
Com efeito, o documento reporta-se ao ano de 1704 e faz o registo de um documento datado do ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e vinte e seis anos (1.626).
Já lá vão decorridos, daqui a pouco, 400 anos!!!
A Capela foi erigida nessa época por Gonçalo Roiz Barboza (Gonçalo Rodrigues Barbosa) residente no Porto, na rua da Lada, rua essa que ainda hoje existe, e que é indicado como sendo natural de Bujões, casado com Cecília Lopes, pai de Joseph Roiz Barboza (José Rodrigues Barbosa). Como já referimos na página sobre os BARBOSA - Família com raízes seculares, José Rodrigues Barbosa casou em Bujões em 4 de Novembro de 1618, com Maria Pereira.
Poderão agora os bujoenses que tenham gosto em conhecer a história da sua linda aldeia, apreciar o treslado do titulo notarial da Capela, isto é a respetiva transcrição em linguagem atual, por forma a que consigam perceber o que está escrito no documento original.
E aí aparece a clausula imperativa de que caberá aos futuros descendentes masculinos da família (filhos machos, como então diziam) assumir o cargo de seus futuros administradores, pois que "havendo macho não vai fêmea", diz o documento! E assim acabou por suceder durante um pouco mais de dois séculos decorridos, quando problemas envolvendo uma herança levaram ao desaparecimento dessa Capela.
Tratava-se, é certo, de uma Capela familiar - dos BARBOSA - família que então possua a maior parte das terras de Bujões, parte das quais ficaram vinculadas à continuidade da dita Capela.
Os bujoenses conhecerão os nomes de algumas dessas terras indicadas na escritura.
Os bujoenses conhecerão os nomes de algumas dessas terras indicadas na escritura.
A Capela era objeto de vistorias periódicas por parte das autoridades eclesiásticas, e nos relatórios eram assinalados, sobretudo, a falta de cuidado e higiene no espaço exterior que a rodeava, por parte dos moradores contíguos à mesma (colocavam estrume nos acessos, facto que era comum nas aldeias transmontanas até há cinquenta anos atrás).
Em 9 de Novembro de 1769 a Diocese de Braga autorizou a colocação de dois confessionários ao então Administrador da Capela- Joaquim da Silva Barbosa.
Na página deste blogue, edição 3, sobre os Padres de Bujões, falaremos no caso do Padre Joaquim José da Silva Barbosa, que também foi Administrador da Capela e dirigiu por um curto período a Igreja de S. Pedro de Abaças, tendo sido pai de três filhos, um dos quais viria a ser também sacerdote!
Em 9 de Novembro de 1769 a Diocese de Braga autorizou a colocação de dois confessionários ao então Administrador da Capela- Joaquim da Silva Barbosa.
Na página deste blogue, edição 3, sobre os Padres de Bujões, falaremos no caso do Padre Joaquim José da Silva Barbosa, que também foi Administrador da Capela e dirigiu por um curto período a Igreja de S. Pedro de Abaças, tendo sido pai de três filhos, um dos quais viria a ser também sacerdote!
Voltaremos noutras páginas aos BARBOSA, sobretudo a Manuel Pereira Barbosa, e à união que resultou do casamento entre um membro dessa família, em 18 de Maio de 1775, o Cavaleiro da Ordem de Cristo JOAQUIM JOSÉ DA SILVA DE BARBOSA E SOUSA com ANNA BÁRBARA NARCIZA BOTELHO DE QUEIROZ E MELLO, de Vila Real, que pertencia à nobre família dos LUCENA, da qual viria a resultar uma outra família muito conhecida de Bujões - OS BOTELHO.
A seu tempo, falaremos disso.
A seu tempo, falaremos disso.
Eis os documentos (apenas juntamos a primeira página e a última do documento original, esta com a validação do Pároco de Abaças, Padre André Madeira Belo) e a transcrição total das quatro páginas de que é composto:
Nesta zona da Ribeira, no Porto, havia imensas profissões ligadas à comercialização do vinho. Entre elas, a de escrivão, desempenhada por alguns dos Barbosa, de Bujões
Na Rua da Lada nº 24, junto à Ribeira, Porto, nasceu José Botelho de Carvalho Araújo, que passou a sua juventude em Vila Real e foi deputado à Assembleia Constituinte (Implantação da República).
Tem na cidade um monumento na Avenida com o seu nome. Um herói da 1ª Grande Guerra.
Não me parece que existam documentos oficiais referentes ao fim da Capela, mas existem diversos acontecimentos que levaram a que isso sucedesse.
O legado de dívidas deixadas por Ignácio Botelho Silva de Barbosa e Sousa, 2º filho de Joaquim José da Silva de Barbosa e Sousa, de quem iremos iremos falar nas páginas sobre os BOTELHO e O CAVALEIRO DA ORDEM DE CRISTO, iremos constatar que problemas de heranças e a consequente venda dos bens cujos rendimentos estavam destinados à manutenção da Capela, no caso concreto a Cortinha, terão sido a causa do seu fim, sendo determinantes as ações judiciais de arresto promovidas por credores e pela mãe de um dos filhos não legítimos de Inácio Botelho, de nome Vicente Botelho de Lucena.
Uma pergunta natural será a de se saber em que local estava erigida a Capela. Quanto a isso não restam dúvidas que a Capela estava localizada no sítio agora conhecido por Largo do Seixo, muito perto do muro da Socarreira, e nela foram sepultadas várias pessoas ligadas essencialmente à família Barbosa. Existem vários documentos que referem não só a localização, como também o nome das pessoas que ali repousam para sempre, ou que ali foram batizadas ou viveram os momentos felizes do casamento.
O espólio da Capela, entre o qual se encontravam os santos que a ornamentavam, bem como o "corpo" de São Clemente, a imagem de Santa Bárbara (esta presentemente encontra-se em casa do Sr Manuel Correia Botelho), foram divididos por 5 herdeiros e, mesmo assim, ainda estiveram envolvidos no processo de penhora movido por um comerciante de Vila Real.
O mundo é pequeno e Bujões era uma aldeia tão humilde que custa a acreditar que por causa de duas ações judiciais envolvendo os herdeiros de Ignácio Botelho, a minha avó paterna -Luísa Alves Cardeal, tenha sofrido por virtude de seu pai-António Alves Cardeal, casado com uma filha de Ignácio Botelho, ter sido preso em Vila Real e passado uns dias na prisão até ter sido solto por não lhe caber culpa alguma, ele que era uma pessoa íntegra e de enorme reputação.
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