O CAVALEIRO DA ORDEM DE CRISTO




NAS TERRAS DE BUJÕES...
O documento que abaixo apresentamos, é do tempo em que reinava D.José, datado de 28 de Janeiro de 1774. Está arquivado na Torre do Tombo, em Lisboa, englobando o processo da nomeação de Cavaleiro da Ordem de Cristo a JOAQUIM JOSÉ DA SILVA DE BARBOSA E SOUSA, filho do capitão Luís da Silva de Barbosa e Teresa Caetana Borges Ferreira. 
Foi batizado em Abaças em 25 de Janeiro de 1740
Casou em 18 de Março de 1775 com Ana Barbosa Narciza Botelho de Queiroz e Melo de Lucena,  e faleceu em Bujões, em 29 de Agosto de 1816.


Este personagem de Vila Real e de Bujões tem uma história de vida muito interessante.   Iremos compondo esta página de modo a revelar os aspectos mais salientes em que interveio este membro da conhecida família dos BARBOSA,cujo avô paterno era o capitão Luis da Silva de Barbosa, natural de Vila Seca de Poiares.
Ao casar com uma figura da nobreza de Vila Real, com apelidos diversos entre os quais Botelho, e também Barbosa,  vai através dos seus descendentes dar aso a que se venha a destacar aquele que acabará por dar corpo à família BOTELHO, de Bujões. E como resultado global, além do reforço da família BARBOSA, muito solidificada na região, outras iriam ter continuidade em Bujões, como os CARDEAL, resultado dos diversos casamentos que irão ocorrer.

JOAQUIM JOSÉ DA SILVA DE BARBOSA E SOUSA
É considerado como dono de muitas terras, como irão ver, pessoa de coração bondoso e preocupado com os pobres e doentes.  Durante o seu mandato de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real , foi alugada uma casa na Rua de Trás da Misericórdia, para ali se instalar aquilo que seria o embrião de um pequeno hospital, uma vez que o antigo hospital do Espirito Santo, muito antigo, era insuficiente e não chegava para tanto doente. E veja-se que há escritos da época de 1796, data em que ele era provedor da Santa Casa, que dizem o seguinte:
"quando se projectava segurar a existência da Misericórdia pela cobrança da sua maior dívida, que era do excelentíssimo bispo de Bragança", resolveu a Mesa da Misericórdia levantar um hospital, de que tanto precisava, pois era do conhecimento de todos falecerem os pobres miseráveis debaixo dos arcos e ruas de Vila Real. Sem os recursos necessários para concretizá-lo a não ser "a confiança na Divina Providência" mandaram afixar um edital pelo qual a Santa Casa da Misericórdia recolheria os enfermos que o suplicassem, sendo admitido um enfermo, "quando nada havia, nos altos da casa da viúva (Joana Clara) de João Guedes, serralheiro, atrás da Misericórdia", que para o efeito foram alugados.
Nesse mesmo ano de 1796, através de donativos diversos recolhidos no montante de quinhentos mil reis, foi instalado um novo hospital, o da Divina Providência,  e isso se fica a dever à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da qual aquele ilustre Cavaleiro da Ordem de Cristo era então provedor.




UM CASAMENTO DE GENTE NOBRE

Por especial graça de sua Alteza Real, em 18 de Março de 1775, na Igreja de São Pedro, em Vila Real, JOAQUIM JOSÉ DA SILVA DE BARBOSA E SOUSA, filho legítimo de Luís da Silva Barbosa e de sua mulher Teresa Caetana Borges, celebrou matrimónio com D. ANA BÁRBARA NARCIZA BOTELHO DE QUEIROZ E MELLO DE LUCENA, filha de Ignácio Botelho de Lucena, natural da freguesia de São Pedro-Vila Real, e de sua mulher D. Luiza Bernarda Pereira Pinto de Mello, natural da freguesia de São Faustino-Peso da Régua, moradores na Rua das Pedrinhas, em Vila Real.

Não sabemos onde decorreu a boda, nem quais os convidados, mas tendo em atenção que o noivo era dono de muitas fazendas em Bujões e dispunha de criados e se fazia transportar em cavalos, como consta do inquérito com audição de várias pessoas de Vila Real, Canelas, Poiares e Vila Seca de Poiares, que era uma peça fundamental para se obter a nomeação de Cavaleiro da Ordem de Cristo, somos levados a pensar que terá havido muita carne, muita festa regada com bom vinho que por aquelas bandas não faltava e nunca até hoje faltou! 







Registo de batismo, em Abaças, no dia 25/1/1740

Registo de casamento de 18/3/1775 (S.Pedro-Vila Real)


         
O BAPTISMO DO 1º FILHO EM BUJÕES

                                                                     
Registo paroquial do baptismo




Em 14 de Outubro de 1775, nasce ANTÓNIO, o primeiro filho do casal, conforme folha do registo de baptismo acima.

No registo consta que esta cerimónia decorreu na CAPELA DE BUJÕES DE NOSSA SENHORA DO CARMO (o correcto seria de Nossa Senhora da Conceição), e que foi autorizada nas seguintes condições "por Decreto de Sua Alteza Real, o Sereníssimo Senhor Dom Gaspar, Arcebispo e Senhor de Braga, Primaz, pela petição que lhe fez o pai do baptizado, cujo teor é o seguinte:

"Diz Joaquim José Silva Barboza e Souza, Cavaleiro confesso na Ordem de Cristo, assistente na sua Quinta de Bujões, freguesia de Abaças, comarca de Vila Real, que felicitando-o a Divina Providência, concedendo-lhe um filho legítimo de sua mulher Dª Ana Bárbara Narciza Botelho de Lucena, não pode o suplicante comodamente fazer celebrar o batismo do dito Menino na Igreja Matriz da dita freguesia por ficar distante um quarto de légua e muito mau caminho e porque o suplicante tem sua Capela de Nossa Senhora do Carmo com toda a decência e mística, às casas da dita sua Quinta. Pede a Vossa Alteza Real se digne conceder-lhe Licença para batizar na dita Capela, atendendo à distância da freguesia"

E desse modo, ANTÓNIO BOTELHO DE LUCENA, esse o nome que usaria, foi batizado em Bujões no dia 21/10/1775, na Capela de Nossa Senhora da Conceição e não Nossa Senhora do Carmo, como é indicado, por lapso, (muito embora Nossa Senhora seja sempre a mesma, e o que muda é o nome), a verdade é que a Capela tem um termo de autorização em nome de Nossa Senhora da Conceição, nome este que consta de página própria deste blogue). Aí se constatará que a Capela pertencia à família Barbosa, desde 1626. (ver página CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO) 

António Botelho de Lucena, solteiro, viria a falecer em Bujões, em 21 de Janeiro de 1819, por virtude de um afecção cerebral designada por apoplexia, tendo apenas 44 anos.


Registo de óbito de António Botelho de Lucena



O NASCIMENTO DO 2º FILHO

Em 9 de Dezembro de 1776 nasceu em Vila Real, sendo batizado no dia dezasseis desse mês, na Igreja de São Pedro, IGNACIO, filho legítimo de Joachim José de Barboza da Silva e Souza e de sua mulher Donna Anna Bárbara Narciza Botelho de Queiroz e Melo,neto paterno de Luiz da Silva Barboza e de sua mulher Theresa Caettana, e neto materno de Ignácio Botelho de Lucena e de sua mulher Donna Luiza Bernarda. Foi batizado solemente pelo padre José Botelho Monteiro de Lucena, sendo seu padrinho Ignácio Botelho de Lucena, avô paterno, e madrinha, por vocação de seus pais, Nossa Senhora do Carmo.

Termo assinado pelo padre Christovam Correa Botelho, que já assinara o registo de casamento dos pais.



Registo de batismo de IGNÁCIO, que virá a usar o nome de

INÁCIO BOTELHO DA SILVA DE BARBOSA E SOUSA 


Existem diversos acontecimentos na vida de Ignácio, que passaremos a referir como Inácio Botelho da Silva de Barbosa e Sousa, que nos levam a que tenhamos de abrir brevemente uma página a ele dedicada, com os aspectos mais salientes da sua vida bastante atribulada. Seus descendentes irão dar aso ao surgimento de diversos bujoenses, entre os quais os que hoje ainda são seus companheiros da árvore genealógica dos BOTELHO. 

De facto, seria esse, e não outro, o apelido que se iria destacar, certamente por simples casualidade. 



O NASCIMENTO DO 3º FILHO- UMA MENINA





continua oportunamente

Sem comentários:

Enviar um comentário